O sonho será porventura a actividade
mais democratizada da espécie humana. Parece acessível a todos os estatutos e
condições. É certo que já me cruzei com pessoas que me impressionaram pela
atitude de nada esperar da espécie de vida que têm e por não parecerem sequer
capazes de comprar um sonho. Apesar da eventual discordância de alguns
psicólogos, o sonho tem ainda a vantagem de permitir o acesso a tudo, não tem
aparentemente limites, é completamente aberto, cada um pode sonhar o seu sonho,
seja ele qual for.
Não é muito frequente recordar-me
dos meus sonhos, dos bons ou dos maus. É bastante mais usual sonhar quando estou
acordado, bem acordado. E nestas ocasiões quase só me acontecem sonhos bons e
sem limites.
Como este que de acordo com os tempos
que correm é um e-sonho de um dia de Verão.
Um dia, os miúdos terão pela
frente uma banda larga onde caiba o seu projecto de vida.
Um dia, os miúdos estarão ligados a redes sociais que os protejam.
Um dia, os miúdos poderão navegar
sem problemas a caminho do futuro.
Um dia, os miúdos não estarão,
quase que exclusivamente, acompanhados por um ecrã.
Um dia, os miúdos apenas
receberão e enviarão sms com boas notícias.
Um dia, conseguiremos que a
felicidade não seja, para muitos miúdos, apenas realidade virtual.
Um dia, os miúdos poderão
realizar downloads e uploads de afecto.
Um dia, haverá um GPS capaz de
evitar que algum miúdo se perca.
Um dia, o mundo terá um ambiente
mais amigável para os miúdos.
Um dia, os miúdos terão um
antivírus eficaz no combate ao conhecido vírus “maus-tratos”.
Um dia, não teremos conflitos de
software, os programas de apoio aos miúdos serão compatíveis com as suas necessidades.
Um dia, o bem-estar será portátil
e acessível, qualquer miúdo o pode usar.
Um dia, os miúdos poderão chumbar
pais ou professores que não correspondam ao que deles se espera.
Um dia, não precisaremos de bater
sempre na mesma tecla, “Lembrem-se dos miúdos”.
Um dia ...
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