Segundo o Público, a Comissão para
a Cidadania e Igualdade de Género está a analisar livros de actividades
produzidos pela Porto Editora destinados a crianças dos 4 aos 6 anos devido à apresentação
de actividades dirigidas especificamente a rapazes e a raparigas em que o grau de
dificuldade é mais elementar para as raparigas e a apresentação é também
diferente conforme se verifica nos exemplos divulgados.
De facto o material apresentado
causa, no mínimo, uma enorme perplexidade mas é mais do que isso.
Em primeiro lugar, importa
sublinhar que nada na evidência científica disponível sobre o desenvolvimento
das crianças permite suportar a adequação do material apresentado que é grave
do ponto de vista da mensagem que sustenta, as raparigas entre os 4 e os 6 anos
não são “apenas” diferentes dos rapazes da mesma idade, têm menores capacidades
cognitivas.
Em segundo lugar, o pressuposto
educativo, que subjacente às actividades. Nos dois exemplos conhecidos, a
descoberta de um labirinto, um clássico em matéria de actividades, o que se dirige
aos rapazes, mais difícil, tem um rapaz como protagonista e como instrução, “Ajuda
o Bruno a encontrar o caminho para o seu barco de piratas, traçando o seu
percurso através do labirinto “. O que se dirige às raparigas tem como
protagonista uma menina vestida de “princesa” e a instrução é “Ajuda a
Francisca a encontrar a sua coroa de princesa, traçando o seu percurso através
do labirinto” sendo, como já se referiu bastante mais fácil.
Para além da falta de base
científica está patente uma visão educação fortemente marcada pela estereotipia
do género e criadora de equívocos e discursos sem outra sustentação que não o preconceito, o esterótipo e a discriminação.
Seria mais fácil pensar que se
trata de mais um produto da “silly season” mas é bem mais grave do que isso.
Aguardo algum esclarecimento por parte da Porto Editora que no momento em que
escrevo não é conhecido.
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