Apesar de alguma mudança positiva
na vinculação de professores contratados a situação continua complicada para um
número muito significativo de professores. Este ano o processo de colocação e
contratação dos professores parece estar a acontecer mais cedo que o habitual o
que se saúda. No entanto, continuam a referir-se insuficiência de docentes e
algumas falhas processuais ou na definição de critérios e prioridades.
Durante estes processos
conhecem-se sempre episódios que ilustram, por um lado, como é imperiosa a
transparência, clareza e competência nas questões processuais da colocação e
contratação e, por outro lado, as consequências pessoais para muitos
professores atropelados por estas situações.
Será que alguma vez poderemos ter
um processo estável, com regras claras e que decorra em tempo oportuno?
Muitos dos professores que ainda
procuram o milagre de uma sala de aula onde possam exercer a sua profissão têm
uma larga experiência docente e avaliada. Estes professores estão há muitos
anos a colmatar “necessidades reais e permanentes” do sistema".
Em que outra profissão pode
acontecer milhares de pessoas prestarem de forma continuada durante anos,
muitos anos, serviço ao mesmo empregador sem aceder a um vínculo estável que
lhes permita criar uma imagem de futuro e uma perspectiva de carreira.
Como muitas vezes tenho afirmado,
parece-me claro que a questão do número de professores necessário ao
funcionamento do sistema é uma matéria bastante complexa que, por isso mesmo,
exige serenidade, seriedade, rigor e competência na sua análise e gestão,
justamente o que tem faltado em todo este processo desde há muito, incluindo a
alguns discursos de representantes dos professores.
Para além da questão da
demografia escolar que, aliás, a tutela sempre tratou de forma incompetente e
demagógica, as necessidades têm de ser analisadas à luz das políticas
educativas. Este entendimento é bastante claro quando se observa a Grande Marcha
de professores para fora do sistema promovida nos últimos anos, não é um
problema de demografia, é um problema de política educativa.
Nesta perspectiva, julgo que
quando se enuncia e define o perfil do aluno do Séc. XXI, quando se afirma a necessidade
uma escola que responda a todos os alunos com qualidade e capaz de promover
esse perfil, não pode esquecer-se que os professores, funcionários e técnicos
são, por assim dizer, os obreiros dessa estrada e o seu efectivo deveráresponder
às necessidades reais das comunidades. Precisam de ter condições de
estabilidade, valorização social e profissional para que da sua acção resulte
o que se espera, a construção do futuro.
Por isso, como muitas vezes afirmo, alguns dos problemas dos professores são também problemas nossos.
Por isso, como muitas vezes afirmo, alguns dos problemas dos professores são também problemas nossos.
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