quinta-feira, 31 de agosto de 2017

ALGUNS DOS PROBLEMAS DOS PROFESSORES SÃO TAMBÉM PROBLEMAS NOSSOS

Apesar de alguma mudança positiva na vinculação de professores contratados a situação continua complicada para um número muito significativo de professores. Este ano o processo de colocação e contratação dos professores parece estar a acontecer mais cedo que o habitual o que se saúda. No entanto, continuam a referir-se insuficiência de docentes e algumas falhas processuais ou na definição de critérios e prioridades.
Durante estes processos conhecem-se sempre episódios que ilustram, por um lado, como é imperiosa a transparência, clareza e competência nas questões processuais da colocação e contratação e, por outro lado, as consequências pessoais para muitos professores atropelados por estas situações.
Será que alguma vez poderemos ter um processo estável, com regras claras e que decorra em tempo oportuno?
Muitos dos professores que ainda procuram o milagre de uma sala de aula onde possam exercer a sua profissão têm uma larga experiência docente e avaliada. Estes professores estão há muitos anos a colmatar “necessidades reais e permanentes” do sistema".
Em que outra profissão pode acontecer milhares de pessoas prestarem de forma continuada durante anos, muitos anos, serviço ao mesmo empregador sem aceder a um vínculo estável que lhes permita criar uma imagem de futuro e uma perspectiva de carreira.
Como muitas vezes tenho afirmado, parece-me claro que a questão do número de professores necessário ao funcionamento do sistema é uma matéria bastante complexa que, por isso mesmo, exige serenidade, seriedade, rigor e competência na sua análise e gestão, justamente o que tem faltado em todo este processo desde há muito, incluindo a alguns discursos de representantes dos professores.
Para além da questão da demografia escolar que, aliás, a tutela sempre tratou de forma incompetente e demagógica, as necessidades têm de ser analisadas à luz das políticas educativas. Este entendimento é bastante claro quando se observa a Grande Marcha de professores para fora do sistema promovida nos últimos anos, não é um problema de demografia, é um problema de política educativa.
Nesta perspectiva, julgo que quando se enuncia e define o perfil do aluno do Séc. XXI, quando se afirma a necessidade uma escola que responda a todos os alunos com qualidade e capaz de promover esse perfil, não pode esquecer-se que os professores, funcionários e técnicos são, por assim dizer, os obreiros dessa estrada e o seu efectivo deveráresponder às necessidades reais das comunidades. Precisam de ter condições de estabilidade, valorização social e profissional para que da sua acção resulte o que se espera, a construção do futuro.
Por isso, como muitas vezes afirmo, alguns dos problemas dos professores são também problemas nossos.

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