terça-feira, 15 de agosto de 2017

SER PEQUENO

Dado o inexorável movimento dos dias cumpro hoje mais um marco de uma estrada que já vai ficando longa. Na minha terra era costume, creio que ainda é muito frequente em Portugal, referir que quando se celebra um aniversário, se é "pequeno". Assim sendo, hoje sou "pequeno", coisa que não é nada fácil imaginar e muito menos conseguir.
Embalado por essa ideia lembrei-me de quando era mesmo pequeno, tentação que parece inevitável cada vez que ficamos mais velhos.
Lembrei-me de como brincava, ao que brincava e com quem brincava, quase sempre na rua.
Depois lembrei-me de como brincava com o meu filho, quando ele era pequeno, grandes viagens em grandes brincadeiras.
Agora brinco com os meus netos, são eles os pequenos. Muito a gente se diverte. E havemos de nos divertir ainda mais a brincar. Palavra de avô.
A este propósito e com já vos tenho dito e, certamente, alguns estranharão, acho que por estes dias os miúdos brincam pouco.
Eu sei que os tempos são diferentes e os estilos de vida mudaram significativamente. No entanto, não me parece que sejam razões suficientes. A questão é, creio, de outra natureza.
As brincadeiras já não brincadeiras, passaram a chamar-se actividades. E os miúdos têm muito pouco tempo para brincar, é quase todo destinado a actividades, muitas actividades, que, dizem, são fantásticas, fazem bem a tudo e mais alguma coisa, promovem competências extraordinárias e é preciso ser excelente.
Deixem os miúdos brincar, faz-lhes bem, é mesmo a coisa mais séria que fazem e, como sabem, é importante lidar desde pequeno com coisas sérias.
Hoje não vai dar, é tempo de férias que também nos separam, mas se fosse brincar os meus netos ainda nos divertíamos mais. Hoje sou pequeno ainda melhor nos entenderíamos.
Fica para depois.

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