Desta vez em Barcelona.
Como já escrevi e não posso
deixar de repetir, vão faltando as palavras para falar do horror e da
barbaridade que no mar e em terra vai acontecendo cada vez mais perto de nós,
que, provavelmente, acreditávamos estar a salvo de tamanhas tragédias.
A merda de lideranças actuais da
generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de
tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não
sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas
são um insulto, que se assista à barbaridade que as imagens e os relatos mostram
e o muito que se imagina mas não se vê.
Apesar da complexidade é evidente
para toda a gente com um pouco de senso que nada disto se resolve com muros ou
vedações, com bombardeamentos cegos, com milhares de mortos e de refugiados,
com a manipulação de emoções e interesses de circunstância ou combatendo alguns
e depois apoiar esses alguns ao sabor dos movimentos da luta pelo poder
Crescem muros, chovem bombas, a
barbaridade estende-se de maneiras que não suspeitávamos, o horror é imenso e,
por vezes, nem a retórica da condenação é convincente e muitos menos,
evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos
sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam
confinadas nos epicentros. E são tempestades que por mais policiado que um
estado seja não se conseguem evitar.
Não existe terror mau e terror
bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo
mau.
Como é possível que tal horror
aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas
palavras de circunstância ou mesmo de relativização.
Estou a lembrar-me de Rafael
Alberti e o seu "Nocturno".
(...)
Las palabras entonces no sirven, son palabras...
Siento esta noche heridas de muerte las palabras.
(…)
Não, não é para estragar o dia. É
só porque é neste mundo que vivemos, vivem os nossos filhos e viverão os nossos
netos.
Sem comentários:
Enviar um comentário