Uma vez mais, uma chamada de
atenção para o mundo que os miúdos carregam às costas.
A Deco realizou um estudo
envolvendo alunos e seis escolas públicas e privadas da região de Lisboa
segundo o qual dois terços dos alunos carregam nas mochilas um peso superior aos
10% do peso corporal de acordo com a OMS.
A questão é recorrente e em Março
a Comissão Parlamentar de Educação e Ciência decidiu criar um grupo de trabalho
para análise da Petição sobre o peso excessivo das mochilas escolares. O
objectivo seria a tentativa de apresentação de uma iniciativa legislativa que
envolva o contributo integrado das diferentes bancadas parlamentares.
A tradicional dificuldade no
estabelecimento de consensos relativamente à educação deverá ter obstado a que
se conheça algum resultado desta iniciativa.
Apesar entender que nem tudo
deveria carecer de ser legislado, o bom senso deveria bastar mas assim não é,
esperemos que algo surja no sentido de minimizar a situação que para algumas
crianças é mesmo pesada. Daí a insistência.
Como é óbvio esta preocupação,
pelas suas implicações e riscos, imediatos e a prazo, para a saúde dos miúdos,
deve merecer a atenção de pais e educadores no sentido de a minimizar, embora,
por outro lado, o seu transporte configure um exercício físico que disfarça a
ausência de espaços e equipamentos adequados em muitas das nossas escolas e
combata uma infância sedentarizada, a troco, é certo, de uma coluna castigada.
No entanto, aproveitando o espaço
e o tempo de reflexão criados talvez também fosse útil olhar de uma forma mais
alargada para o peso excessivo que muitas crianças carregam nas suas costas.
As mochilas escolares serão
apenas um dos carregos, por assim dizer, mas existem outros.
Estou a pensar no peso da pressão
para que sejam excelentes.
Estou a pensar no peso da pressão
para que sejam o que não são e da pressão para que não sejam o que são.
Estou a pensar no peso da pressão
de viver demasiado só.
Estou a pensar no peso da pressão
que leva a que, por vezes, só gritando e agitando-se se façam ouvir.
Estou a pensar no peso da pressão
de não conhecer o caminho e sentir-se perdido.
extou a pensar no peso da exclusão que muitos sofrem.
Estou a pensar no peso da pressão de actividades sem fim e, às vezes, sem sentido. Estou a pensar no pessoa da pressão do depressa e bem.
Estou a pensar no peso da pressão de actividades sem fim e, às vezes, sem sentido. Estou a pensar no pessoa da pressão do depressa e bem.
Estou no peso da pressão para
sejam diferentes e na pressão para que sejam iguais.
Estou a pensar no peso da pressão
causada por famílias demasiado distantes ou por famílias demasiado próximas ou
ainda por famílias ausentes.
Na verdade, há miúdos que
carregam o mundo às costas. Entende-se as preocupações dos pediatras,
ortopedistas, outros especialistas e de muitos de nós com a coluna dos miúdos.
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