A propósito do final da 1.ª fase
de candidatura ao ensino superior alguma imprensa refere uma matéria que em
todas épocas de exame me causa alguma perplexidade até pela forma discreta como
é acolhida. Segundo dados do Júri Nacional de Exames, em 73% dos pedidos de reapreciação
dos exames finais do Secundário verificou-se subida de nota, em 16% manteve-se
e em 10% desceu.
Foram requeridas 7142
reapreciações, 2,1% das 332.340 provas realizadas na 1.ª fase dos exames. No
exame de Geometria Descritiva 91% das reapreciações melhoraram a nota sendo que
História B, Alemão e Francês registaram 90% de subidas.
Em Português a nota subiu em 72%
dos casos e a Matemática a melhoria verificou-se em 76%.
Sabe-se que a avaliação escolar
contém uma incontornável dimensão de subjectividade e complexidade, por isso, é
necessário um trabalho muito consistente ao nível da qualidade dos exames, da
solidez, clareza e coerência dos critérios de avaliação e, naturalmente, da
competência dos avaliadores. Estes aspectos foram, aliás, objecto de muitas
referências na imprensa durante a época de exames.
Como explicar tal número de
recursos acolhidos, na maioria subindo a classificação? Como confiar na
avaliação se muitos professores aconselham os alunos a recorrer pois a
probabilidade de verem a nota alterada é grande?
Uma especialista em avaliação das
aprendizagens, a professora Leonor Santos da Universidade de Lisboa, Leonor Santos, especialista em avaliação das aprendizagens, afirma em entrevista ao Público que aqui citei na altura devido ao seu interesse, a existência de
estudos que confirmam a tendência de a subida de notas nos processos de
reapreciação. Entende que tal situação decorre mais da “atitude de base” do
classificador que de erros cometidos. Afirma, “Há investigação que já
demonstrou que a preocupação dos avaliadores que estão a classificar pela
primeira vez é a de manter os mesmos critérios para todas as provas. Mas quando
está a fazer uma revisão de prova, a sua atitude é completamente diferente:
tenta aproveitar tudo o que for possível”.
Não sou especialistas nestas
matérias mas julgo que deveriam ser, tanto quanto possível, ponderadas e
consideradas para que os exames e a sua classificação mereçam a confiança de
alunos e famílias.
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