Um dia destes a professora
Teresa, de Português, entrou na biblioteca para deixar os livros que tinha
estado a trabalhar nas aulas e encontrou o Professor Velho, o que está na
biblioteca e fala com os livros.
Olá Velho, tudo bem contigo e com os teus livros?
Tudo bem e tu Teresa, estás bem?
Sim, foi giro, os miúdos, de uma forma geral gostaram deste trabalho e
motivaram-se com os livros, eles lêem muito pouco, é preciso insistir e tentar
que leiam mais. Mas o Tiago não aderiu muito, não se envolveu e pouco
colaborou. Não entendo porquê, ele é uma criança muito fechada.
O que é uma criança fechada?
Ora Velho, estás a brincar comigo? É uma criança que fala pouco, não se
envolve com os colegas, nem connosco. Sempre muito no seu canto com um ar um
pouco ausente e às vezes até parece triste.
Não estou a brincar Teresa. É verdade que as crianças não são todas
iguais, mas sabes que muitas vezes falamos assim de algumas crianças, “é
fechada” e isso, julgamos, explica o que lhe observamos. Mas a questão é o
porquê dela ser “fechada”. Foi ela que se “fechou”? E fechou-se porquê? Não
gostou e assustou-se com o que viu ou sentiu dentro dela? Ou não gostou e
assustou-se com o que viu ou sentiu do lado de fora. E se não foi ela que se
“fechou” mas foi “fechada”? Quem é que a fechou? E porquê? Estás a ver Teresa,
dizemos com muita facilidade que o Tiago é uma criança fechada e continuamos a
não saber nada dele. Não fica fácil ajudá-lo a “abrir-se”, a não ser “fechado”.
Velho, se calhar é preciso encontrar uma chave que sirva.
Agora estás tu a brincar, mas é mesmo isso, muitas vezes, se estivermos
atentos, consegue-se perceber qual é a chave.
Estás sempre com essa ideia de estar atento.
Não conheço melhor forma de perceber o que se passa com os miúdos mas,
para complicar, é difícil ensinar ou aprender a estar atento.
Sem comentários:
Enviar um comentário