Depois do arranque com alguns
sobressaltos da realização das provas de aferição no Ensino Básico, em Maio com
as áreas das Expressões Artísticas e Expressões Físico-Motoras no 2º ano,
realizam-se hoje provas de aferição do 5º e do 8º ano.
Como já aqui tenho escrito, este
processo, reintrodução das provas de aferição, desenvolveu-se com vicissitudes
dispensáveis e com conteúdos que me levantam alguma reserva embora considere
genericamente que as provas de aferição são uma opção correcta.
A eliminação dos exames e a sua
substituição pelas provas de aferição não ocorreu com o calendário e
metodologia mais aconselhável, depressa e bem não há quem.
Como também tenho afirmado,
continuo com muitas dúvidas sobre a realização das provas de aferição em anos
intermédios dos ciclos, 2º. 5º e 8º. Uma aferição, creio, deverá ser realizada
no final de um período de aprendizagem. Só nessa altura será possível “aferir”
os resultados que se encontram face aos resultados que se esperam e ter uma
visão global comparativa.
Uma avaliação durante um período
de trabalho com o objectivo de detectar dificuldades e corrigir trajectórias é
evidentemente um requisito de qualidade mas é, do meu ponto de vista, uma
avaliação de diagnóstico, de regulação, não de aferição.
Por outro lado, no seu desenho e
conteúdo, estas provas de aferição são mais completas que o modelo antigo o que
me parece de sublinhar incluindo as áreas curriculares “Estudo do Meio” e
Expressões. Estas já se realizaram em Maio com alguma perturbação noticiada.
No 5º e 8º também começam a ser
avaliadas outras áreas curriculares para além de Português e Matemática. Aliás,
realizam-se hoje as provas de História e Geografia de Portugal do 5º ano e de Ciências
Naturais e Físico-Química do 8º.
É ainda relevante que em
Português será também avaliada a componente da oralidade.
Uma outra questão que também já
referi em textos anteriores é a disponibilização para pais e encarregados de
educação de um Relatório detalhado do desempenho dos seus educandos nas provas
de aferição. As escolas, terão também, naturalmente, a informação completa.
Entendo, claro, que os pais e
encarregados de educação devem ser, tanto quanto possível, envolvidos e
informados sobre o trajecto escolar dos seus educandos. No entanto, também sei
das dificuldades sentidas neste envolvimento e o nível de literacia e qualificação
escolar dos pais e encarregados de educação, factor que continua, aliás, a ser
uma das variáveis mais fortemente associada ao desempenho escolar dos filhos.
Sendo provável que os alunos com
desempenho mais baixo terão os pais com menor nível de qualificação escolar
coloca-se uma questão em termos de educação familiar. Que farão os pais destes
alunos com o “relatório” que receberão sobre o desempenho dos filhos nas provas
de aferição? Partindo do pressuposto da sua dificuldade em os ajudar e da
impossibilidade de recorrer a ajudas externas à escola fica a eterna questão,
que fará a escola com estes resultados que, aliás, serão certamente coerentes
com os resultados das avaliações realizadas em sala de aula pelos professores
no âmbito do seu regular processo de trabalho?
Aqui surgem algumas dúvidas pois,
defendendo as provas de aferição como instrumento regulador e imprescindível
como ferramenta contributiva para o trabalho de alunos e professores, coloca-se
uma questão, terá a generalidade das escolas recursos (tempo, docentes e
técnicos) e autonomia para organizar dispositivos de correcção de trajectórias
escolares de insucesso ou em risco detectadas nestas provas de aferição?
Gostava de ser optimista, quero
ser optimista mas … espero para ver.
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