Em 21 de Abril de 2016 quando foi
colocado em funcionamento o primeiro Balcão de Inclusão no Centro Distrital de Lisboa
da Segurança Social, coloquei umas notas no Atenta Inquietude.
De há vários anos que os estudos
e a experiência mostram que as pessoas com deficiência ou as suas famílias
identificam como uma das áreas de necessidade frequentemente expressa a
necessidade de informação relativa a diferentes dimensões.
Uma primeira dimensão remete para
a necessidade expressa de obter informação clara e de forma acessível sobre o
quadro normativo que lhes diz mais especificamente respeito considerando a
natureza diferenciada dos problemas.
Uma segunda dimensão remete para
necessidade de conhecer com clareza e de forma global, em todas as áreas, os
dispositivos de apoio que estão disponíveis.
Em matéria, por exemplo, de
funcionalidade e acessibilidades, segurança social e emprego ou saúde e
educação, a experiência tem-me mostrado que muitas pessoas e famílias
desconhecem a existência de alguns apoios que estão previstos.
Também sei que nem sempre o que é
suposto existir ou o que está definido num normativo é o que se encontra e
passa na realidade mas o conhecimento sobre o que existe permite uma cidadania
mais cumprida e também mais exigente.
Neste contexto, a criação de uns
designados Balcões de Inclusão dedicados ao universo das pessoas com
deficiência é uma iniciativa positiva mas que carece de ser estendida a várias
das dimensões que enunciei acima.
Esta necessidade é ainda mais
premente num país como o nosso que possui um quadro legislativo complexo, tem o
mau hábito de encharcar os normativos com doutrina o que dificulta a sua
interpretação, as más-línguas dirão que intencionalmente. Acresce a esta
característica a enorme dispersão de competências por milhentas entidades de
vários ministérios, por vários patamares, regional e local que, só por si,
constitui mais um enorme obstáculo, mais um, à acessibilidade.
Esta iniciativa representa um
passo pequeno no caminho de cidadania mais robusta por conhecimento e acesso
aos direitos e deveres que obrigam todos, todos, os cidadãos.
Em peça de hoje no Público
sublinha-se o seu aparente sucesso, estão em funcionamento balcões de Inclusão
nos 18 Centros Distritais da Segurança social e em 52 Câmaras tendo-se
registado cerca de 12000 atendimentos neste ano de funcionamento.
PS - Como também afirmei não gosto particularmente da designação Balcões de Inclusão. O termo está tão desgastado que já nem sabemos bem o que significa. Conheço tantas práticas e tantos discursos que alimentam exclusão e que são desenvolvidas e e pronunciados ... em nome da inclusão. Cada vez me lembro mais do Mestre Almada negreiros que na "cena do Ódio" fala da "Pátria onde Camões morreu de fome e todos enchem a barriga de camões".
PS - Como também afirmei não gosto particularmente da designação Balcões de Inclusão. O termo está tão desgastado que já nem sabemos bem o que significa. Conheço tantas práticas e tantos discursos que alimentam exclusão e que são desenvolvidas e e pronunciados ... em nome da inclusão. Cada vez me lembro mais do Mestre Almada negreiros que na "cena do Ódio" fala da "Pátria onde Camões morreu de fome e todos enchem a barriga de camões".
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