Como não podia deixar de ser o
anúncio de uma greve de professores subscrita pelas suas maiores associações
sindicais para o mesmo dia e dia de exames nacionais está a causar alguma
perturbação. Não é estranho evidentemente.
Acredito que não venha a
realizar-se, caso aconteça, a definição de serviços mínimos atenuará os seus
efeitos e os alunos terão alguma estabilidade para a realização dos exames.
No entanto … a luta continua.
Não me pronuncio sobre a bondade ou justificação dos protestos no plano estritamente profissional dos professores, mas também
afirmo que alguns dos problemas que sentem são também problemas nossos na
medida em algumas das medidas de política que os envolvem também têm
consequências na qualidade do seu trabalho, na qualidade da escola pública e,
portanto, no bem-estar e futuro dos alunos.
Também não esqueço a sempre
presente componente de luta partidária e como o universo da educação é um palco
privilegiado desta luta.
O que me parece de facto curioso
é a proliferação de discursos sobre os efeitos da greve dos docentes,
designadamente no que respeita a perturbações envolvendo os alunos e que são
proferidos pelas mais diversas vozes e em diferentes tons.
Como já escrevi noutras ocasiões,
creio que a maioria dos professores não quereria sentir motivos para realizar a
greve com os constrangimentos que dela poderão resultar. O que tenho alguma
dificuldade em perceber é como pode uma greve de professores não ter impacto
nos alunos. Provavelmente só mesmo realizada nas férias o que parece uma
hipótese remota. O recurso à greve assenta, justamente no impacto que ela tem,
não há volta a dar.
No que se refere à instabilidade
e considerando experiências anteriores os discursos produzidos por parte da
tutela, por umas razões, por parte dos representantes dos professores e dos
próprios professores (nem sempre coincidem), por outras razões e ainda pelos
pais ou seus representantes, ainda por outro conjunto de razões, talvez sejam mais
susceptíveis de criar instabilidade nos alunos. No entanto, acredito que quando
for o tempo os alunos apresentar-se-ão nas provas apenas com a ansiedade que
releva, naturalmente, de uma situação de avaliação.
Parece-me importante afirmar esta
confiança nos alunos e nas suas competências e capacidades.
O que parece menos positivo é o
constante discurso de diabolização dos professores que também recebe um
fortíssimo contributo por parte de algumas afirmações dos que os representam e
que degradam, enfraquecem, a imagem social dos docentes com reflexos sérios e
negativos na relação que a comunidade estabelece com eles.
Entregamos todos os dias os
nossos filhos nas mãos de uma classe que para cumprir o seu enorme e
insubstituível papel na construção do futuro, precisa, para além da
competência, de ter a confiança da comunidade.
Finalmente, repito, estou
convicto que a esmagadora maioria dos alunos vai apresentar-se nas provas com a
ansiedade que ajuda e não com a instabilidade que inibe. Assim nós, todos,
façamos a nossa parte.
1 comentário:
Muito bom.
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