Era uma vez um rapaz chamado
Saltador. Está mesmo a ver-se que com um nome destes se tratava de uma pessoa
destinada a saltar. Pois foi essa a sua vida, sempre a saltar.
Passado pouco tempo de nascer
saltou da família pois era negligenciado e maltratado. Saltou para uma
instituição onde saltava de técnico em técnico sem se fixar em nenhum e sem
ninguém se fixar nele. Aliás, até saltou de instituição devido a problemas na
primeira. Entretanto o Saltador foi entregue a uma família de acolhimento de
onde saltou porque as coisas não correram muito bem. Voltou a uma instituição e
entrou na escola. Sem estranheza, os problemas com o Saltador começaram a
acontecer, diziam que o saltador era instável, não se ligava às pessoas, que
não se concentrava nas tarefas escolares, enfim, sempre a saltar de um lado
para o outro. Nessa escola foi saltando de turma e de professores até que,
tinha que ser, saltou de escola e para onde foi tudo recomeçou.
Ao crescer saltou da instituição e
foi para casa de uma irmã mais velha que se dispôs a recebê-lo. O Saltador
foi-se aguentando na casa da irmã, saltou definitivamente na escola e passou a
saltar de trabalho em trabalho sempre precário e sempre a acabar quando
começava a saber o que fazer.
Como ninguém gosta de andar só o
Saltador encontrou um grupo de gente, tão saltadora quanto ele, e começou uma
vida de saltos no escuro. A adrenalina e a tentação do ter facilmente motivaram
saltos cada vez maiores.
Um dia, algo correu tragicamente
mal e o Saltador deu o último salto da sua curta estrada. Saltou para o outro
lado da vida.
Reparem na quantidade de gente
que desde pequena leva a vida saltando, em sobressalto.
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