Ontem realizou-se uma greve de
professores decidida pelas duas mais representativas forças sindicais da
classe, a FENPROF e a FNE.
A greve foi decidida para um dia
em que se realizavam exames nacionais do secundário e uma prova de aferição do
2º ano.
Uma greve de professores
desencadeia habitualmente discursos de natureza diferente, conforme os
interesses, face à sua justificação e, sobretudo, relativamente ao seu impacto.
Quando tal acontece em dias de exames a discussão agudiza-se.
No entanto, o Governo de Passos
Coelho conseguiu incluir a realização de exames nacionais nos critérios para a
determinação de serviços mínimos o que se reflecte fortemente no impacto da “jornada
de luta”.
Como é habitual nestes cenários,
greves em sectores tão importantes na vida das pessoas, logo no início do período
de greve desencadeia-se uma “guerra de números”, ou seja, qual o nível de
adesão dos profissionais envolvidos.
Durante o dia de ontem e na
imprensa de hoje procurei alguma informação nesse sentido e, estranhamente, não
encontrei. Terei procurado mal? Nas fontes erradas? Existirá algum embargo a
esta informação?
Encontrei apenas referências a
casos pontuais de escolas em que se realizavam exames ou provas de aferição com
a informação de que o processo estava a correr ou correu com normalidade e
encontrei algumas referências, incluindo de estruturas sindicais, sobre o
encerramento de “algumas escolas” onde não se realizavam exames e de resto, os exames
e a prova, a decorrer com “normalidade”.
De tudo isto resulta o quê?
Uma greve será sempre uma decisão
que resulta de um processo de negociação mal sucedido e deverá constituir uma
prova de força, de motivação e empenho dos profissionais envolvidos relativamente aos objectivos definidos
nas matérias em discussão. Assim sendo, a dinâmica e adesão conseguidas
fortalecem ou enfraquecem essa capacidade de negociação.
Da forma que aparentemente
decorreu a greve de ontem o que temos? O ME a poder afirmar que tudo, os exames
e a prova de aferição, correu com normalidade. As famílias aliviadas porque
tudo, os exames e aprova de aferição, correu com normalidade. Os alunos
tranquilos porque tudo, os exames e a prova de aferição, correu com
normalidade. E as estruturas sindicais terão desencadeado uma espécie de prova
de vida e tentam ver um copo meio cheio num cenário em que apesar da greve tudo
(quase) correu com normalidade.
E os professores? Que podem dizer
os professores? Que ilações ou avanços retiram da greve?
Como muitas vezes afirmo, alguns
dos problemas dos professores são também problemas nossos na medida em que se
reflectem na qualidade do trabalho que realizam com os nossos filhos e netos. Deste ponto de vista o que também podemos concluir?
Este foi, de facto um processo
estranho.
Socorrendo-me da linguagem dos
mais novos … foi assim uma greve … tipo … sei lá.
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