O Relatório Primavera 2017, do
Observatório Português dos Sistemas de Saúde, “Viver em Tempos Incertos –Sustentabilidade e Equidade na Saúde”, hoje divulgado mostra que apesar de
alguns avanços continua a verificar-se uma forte desigualdade nos acessos a
cuidados de saúde em função do rendimento.
Considerando dados de 2014, quase
20% das pessoas mais pobres deixaram de aceder no ano anterior a consultas ou
tratamentos por razões económicas enquanto entre as pessoas com maiores
rendimentos a situação é de 5%.
O relatório mostra também que os
portugueses são dos mais financiam o seu acesso a cuidados de saúde, o
financiamento público com medicamentos é 55% enquanto na Alemanha é 83%, na
França 71% e no Reino Unido 66%.
Como afirma José Aranda da Silva,
um dos coordenadores do observatório, “Quanto mais doente mais pobre, e quanto
mais pobre mais doente”
Nada de novo e na linha da
generalidade dos estudos nacionais e internacionais.
No mesmo sentido as desigualdades
também se repercutem fortemente na esperança da vida, ou seja, para os mais
pobres a morte, tal como a doença, chega primeiro.
Será a isto que se chama cuidados
de saúde diferenciados?
Quando se questiona o estado
social, os limites desse estado, a privatização de serviços, por exemplo na
educação e na saúde, é fundamental perceber e entender que a comunidade tem
sempre a responsabilidade ética de garantir a acessibilidade de toda a gente
aos cuidados básicos de saúde e educação.
Os tempos que temos vivido
criando obstáculos ao acesso aos serviços de saúde são ameaçadores.
Como afirma Michael Marmot, um
especialista em saúde pública, todas as políticas podem ser avaliadas pelos
seus impactos na saúde.
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