quarta-feira, 28 de junho de 2017

CUIDADOS DE SAÚDE DIFERENCIADOS

O Relatório Primavera 2017, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, “Viver em Tempos Incertos –Sustentabilidade e Equidade na Saúde”, hoje divulgado mostra que apesar de alguns avanços continua a verificar-se uma forte desigualdade nos acessos a cuidados de saúde em função do rendimento.
Considerando dados de 2014, quase 20% das pessoas mais pobres deixaram de aceder no ano anterior a consultas ou tratamentos por razões económicas enquanto entre as pessoas com maiores rendimentos a situação é de 5%.
O relatório mostra também que os portugueses são dos mais financiam o seu acesso a cuidados de saúde, o financiamento público com medicamentos é 55% enquanto na Alemanha é 83%, na França 71% e no Reino Unido 66%.
Como afirma José Aranda da Silva, um dos coordenadores do observatório, “Quanto mais doente mais pobre, e quanto mais pobre mais doente”
Nada de novo e na linha da generalidade dos estudos nacionais e internacionais.
No mesmo sentido as desigualdades também se repercutem fortemente na esperança da vida, ou seja, para os mais pobres a morte, tal como a doença, chega primeiro.
Será a isto que se chama cuidados de saúde diferenciados?
Quando se questiona o estado social, os limites desse estado, a privatização de serviços, por exemplo na educação e na saúde, é fundamental perceber e entender que a comunidade tem sempre a responsabilidade ética de garantir a acessibilidade de toda a gente aos cuidados básicos de saúde e educação.
Os tempos que temos vivido criando obstáculos ao acesso aos serviços de saúde são ameaçadores.
Como afirma Michael Marmot, um especialista em saúde pública, todas as políticas podem ser avaliadas pelos seus impactos na saúde.

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