O JN aborda hoje com chamada a primeira
página a questão dos centros de estudo, de “explicações” na designação mais
corrente, e a desregulação da sua actividade que é contestada por directores de
escolas e agrupamentos que vêem instalar-se nas imediações estabelecimentos escolares uma enorme oferta. O mercado está sempre atento.
Desde o início do ano lectivo mas
sobretudo a partir das férias da Páscoa é frequente há já muito tempo o recurso
significativo aos centros de explicações visando a “recuperação” para o
terceiro período e, sobretudo, a preparação para os exames.
Face à reversão, como agora se
diz, na realização de exames do 1º e 2º ciclo e a reintrodução das provas de
aferição ter-se-á verificado já o ano passado um abaixamento da procura deste tipo de
apoios mas que ainda assim e apesar
das dificuldades das famílias se mantém em alta.
Apesar de nada ter contra a iniciativa
privada desde que regulada e com enquadramento legal, várias vezes tenho
insistido no sentido de entender como desejável que os apoios e ajudas de que
os alunos necessitam fossem encontrados dentro das escolas e agrupamentos. O
impacto no sucesso dos alunos minimizaria, certamente, eventuais custos em
recursos que, aliás, em alguns casos já existem dentro do sistema.
Esta minha posição radica no
entendimento de que a procura “externa” de apoios, legítima por parte das
famílias, tem também como efeito o alimentar da desigualdade de oportunidades e
da falta de equidade.
Recordo o estudo recente do CNE e
da Fundação Francisco Manuel dos Santos que evidencia algo de muito
significativo apesar de bem conhecido e reconhecido, nove em cada dez alunos
com insucesso escolar são de famílias pobres.
A ajuda externa ao estudo como
ferramenta promotora do sucesso não está ao alcance de todas as famílias pelo
que é fundamental que as escolas possam dispor dos dispositivos de apoio
suficientes e qualificados para que se possa garantir, tanto quanto possível, a
equidade de oportunidades e a protecção dos direitos dos miúdos, de todos os
miúdos.
A substituição dos exames pelas
provas de aferição não altera esta necessidade imperiosa, antes pelo contrário,
torna-a ainda mais pertinente para que se possam corrigir e apoiar ao longo dos
vários ciclos as dificuldades de alunos e professores.
O abaixamento verificado na
procura que alguma imprensa divulga talvez traduza a menor importância
atribuída pelas famílias às provas de aferição e às suas próprias dificuldades
económicas.
As necessidades dos alunos
poderiam ser atenuadas com o recurso a professores que já estão no quadro ou
com contratos sucessivos.
De uma vez por todas, é
necessário contenção e combate ao desperdício, mas em educação não há despesa
há investimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário