Acabei de ler com alguma preocupação
que o Governo aprovou um código de conduta para titulares políticos que, entre outras incompreensíveis limitaões, impede
o recebimento de prendas, por assim dizer, de valor superior a 150€.
Contrariamente ao que a rapaziada
jotista do CDS-PP que imbuída dos nossos mais sólidos valores culturais os
tenta preservar organizando touradas, a geringonça ataca algo de muito profundo
na nossa cultura.
A “prenda” ´um traço cultural de
gratidão que só nos fica bem e que deve ser apoiado. A “prenda” não é mais do
que uma singela forma de agradecer, “sugerir” ou solicitar um “favorzinho”, uma
“atençãozinha”, um “jeitinho” que tenha sido dado ou solicitado. Somos um país
de gente grata, bem formada, e por isso retribuímos o bem que nos fazem e a
ajuda que desinteressadamente nos dão com uma “prenda”. É bonito e é assim que
deve ser.
Não podem ameaçar esta nossa
cultura. Mesmo os que de nós, também me incluo, por más influências da
modernice verificada noutras paragens, questionamos isto já nos deixámos, uma
vez ou outra, envolver no "jeitinho" ou na "atençãozinha",
é tão nosso.
É verdade que ela é praticada em
escalas diferentes, pode ir de meia
dúzia de robalos, umas viagenzinhas, umas coisitas lá para casa, até aos milhões colocados em zonas francas. Parece-me
justo, tudo tem o seu valor e deve ser respeitado
Trata-se de um fenómeno, um
comportamento, profundamente enraizado e a “prenda” é apenas um gesto de
agradecimento e que agora fica ameaçado, desvalorizado.
É verdade que poderíamos viver
sem a “prenda”, a "atençãozinha" ou o "jeitinho", mas não
era a mesma coisa.
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