Mais umas notas a propósito dos
resultados do inquérito realizado pelo Alexandre Henriques do blogue ComRegras,
"O que pensam os diretores e os presidentes de Conselhos Gerais sobre questões pertinentes da escola portuguesa", dirigido a directores de
escolas e agrupamentos e a presidentes de Conselhos Gerais. Desta vez olhemos
para os tempos da escola.
54.1% dos 181 directores que
responderam ao inquérito concorda que o ano escolar seja organizado em dois semestres
e não nos habituais três períodos de aulas. Quanto aos presidentes de Conselhos
Gerais, 32.8 % defende a organização em semestres ainda que 41.2% afirme ser
necessária uma revisão do calendário escolar. Algumas notas sobre os tempos da escola.
Esta posição dos directores sobre
a organização em semestres é concordante com propostas conhecidas em Junho da Associação
Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas defendendo a mesma
ideia.
Como já tenho referido, não tenho
uma posição fechada e fundamentada sobre as eventuais vantagens sendo certo que
existem outros sistemas em que se verifica o modelo semestral.
No entanto, creio que mesmo numa
organização em três períodos a situação que me suscita mais dúvidas é o
desequilíbrio que frequentemente se verifica na duração dos períodos.
Dado que a interrupção da Páscoa
marca o fim do 2º período e é uma data móvel as diferenças podem ser
significativas.
Considerando o próximo ano
lectivo e de acordo com a Associação o primeiro período terá 67 dias de aula, o
segundo 54 e o terceiro 29 dias no caso dos alunos em anos de exame, 9º, 11º e
12º.
Parece claro que esta situação
não é a mais adequada.
Dada a tradição talvez não seja
fácil, mudar nunca é fácil, fazer com o que o calendário escolar não esteja
colado a festividades móveis.
Neste contexto, creio que vale a
pena reflectir nestas matérias, ouvindo a participação dos vários actores,
estudando experiências de outros sistemas e, eventualmente, de uma forma
tranquila, oportuna no tempo, repensar o calendário escolar.
Nesta reflexão deveria estar
incluída a discussão dos benefícios e eventuais efeitos negativos da criação de
uma “pausa” a meio do primeiro período modelo existente em vários países.
No entanto, de uma forma mais
global creio que seria interessante reflectir sobre os tempos da escola olhando
para outros aspectos.
Num país com as nossas condições
climáticas, tal como genericamente no sul da Europa, e considerando boa parte
do nosso parque escolar, aulas prolongadas até ao Verão seriam algo de,
literalmente, sufocante.
A Confap tem defendido onze meses
de actividade na escola. Sendo a guarda das crianças um problema sério e que
reconheço também entendo ele não pode ser resolvido prolongando até ao
“infinito”, a infeliz ideia de “Escola a Tempo Inteiro”, a estadia dos alunos
na escola. A “overdose” é sempre algo de pouco saudável.
No que respeita aos tempos
escolares, os alunos portugueses, sobretudo no início da escolaridade tem umas
das mais elevadas cargas horárias. Como bem se sabe, mais horas de trabalho não
significam melhor trabalho e os alunos portugueses já passam um tempo enorme na
escola. Talvez seja de introduzir nesta equação a variável “áreas disciplinares
e currículos”, considerando o número de áreas ou disciplinas, conteúdos,
organização de anos e de ciclos, etc.
Neste contexto, creio que vale a
pena reflectir nestas matérias, semestres ou trimestres, por exemplo, com a participação dos vários actores,
estudando experiências de outros sistemas e, eventualmente, de uma forma tranquila,
oportuna no tempo, sustentada, repensar os tempos da escola.
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