sábado, 3 de setembro de 2016

É TÃO TRISTE NÃO SABER LER

Na imprensa de hoje, talvez devido à proximidade do Dia Mundial da Literacia, no próximo dia 8, encontra-se várias referências ao analfabetismo em Portugal com apresentação de dados, histórias de vida e dificuldades no combate a este problema. Com base nos Censos de 2011 a PORDATA e o INE apontam para uma taxa de analfabetismo de 5.15%. Sendo certo que este dado representa um salto relevante face a 25.7% em 1970 ainda mantemos uma taxa demasiado elevada, aliás, umas das mais elevadas da Europa.
Nos últimos anos apesar das mudanças verificadas o desinvestimento na educação também se reflectiu naturalmente neste universo e torna urgente recuperar o investimento na formação de adultos.
Se à taxa de analfabetismo acrescentarmos o analfabetismo funcional, pessoas que foram escolarizadas mas que não mantêm competências em literacia, a situação é verdadeiramente prioritária, atingirá certamente pelo menos dois milhões de portugueses.
Também por estas razões continuo a pensar que não temos professores a mais e muitos professores com anos de experiência avaliada e tratados como descartáveis teriam muito trabalho nesta área.
Os custos pessoais e sociais para as pessoas nesta situação, em várias dimensões como dignidade e cidadania, e o impacto económico da falta de competências em literacia justificaria um fortíssimo investimento em minimizar a situação até ao limite possível. Como sempre trata-se de matéria de opções políticas e visão de sociedade.
Tantas vezes é preciso afirmar, os custos em educação não representam despesa, são investimento e com retorno garantido.
Lá pelo Alentejo, uma região em que o analfabetismo atinge ainda níveis mais altos, cerca de 9% canta-se:
(…)
É tão triste não saber ler
Como é triste não ter pão
Quem não conhece uma letra
Vive numa escuridão
(…)

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