A Direcção-Geral de Estatísticas
da Educação e Ciência divulgou o Relatório “Perfil do Aluno 2014/2015 – Estatísticas Oficiais“.
No Público sublinhava-se o
abaixamento da taxa de retenção e abandono considerando básico e secundário o
que, evidentemente é uma boa notícia.
Por curiosidade fui verificar a
distribuição dos níveis de retenção por anos de escolaridade no básico do ensino público pois, sem surpresa, o ensino privado tem resultados
diferentes.
Quanto ao 1º ciclo, no 4º ano a
taxa de retenção é de 2,5 mas no 2º e no 3º é 10.3 e 4.3% respectivamente.
Relativamente ao 2º ciclo, no 6º
ano a taxa de retenção é de 16.4 e no 6º ano 9.5%.
No 3º ciclo temos no 7º ano 16.4,
no 8º, 10.9 e no 9º, 11.4%.
Verifica-se assim que nos
terminais de ciclo os resultados tendem a ser melhores que os verificados nos
outros anos de escolaridade. Porquê? Os anos anteriores servem de filtro para
que nos anos de exame os resultados da avaliação externa sejam diferentes? Estratégia
educativa assente na ideia de que repetir promove sucesso?
Um outro dado que me parece
importante é que apesar de prevalecer um habitual padrão de distribuição geográfica
de maiores taxas de retenção por zonas periféricas ou interiores verifica-se
que em muitos concelhos nestas zonas geográficas os resultados são melhores que
o esperado.
É importante registar isto e sublinhar
o que defendemos e a causa por que nos batemos a escola pode fazer e faz a
diferença.
É verdade que a associação entre
os resultados escolares dos alunos e variáveis de natureza sociodemográfica
como meio social, económico e cultural, circunstâncias de vida, estilos
parentais, etc. etc., está estabelecida de há muito.
Também sabemos que a escola faz,
pode fazer a diferença, ou seja, o trabalho na e da escola e dos professores é
um factor significativamente explicativo do sucesso dos alunos mais vulneráveis
e capaz de contrariar o peso das outras variáveis que estão presentes nesses
alunos.
Só que a escola envolve
organização e recursos, clima e liderança, por exemplo, e também,
evidentemente, o trabalho em sala de aula.
No entanto, mesmo este trabalho
não depende apenas de variáveis individuais de cada docente, decorre também de
um conjunto de políticas educativas que promovam a qualificação, a motivação e
a valorização a diferentes níveis do trabalho dos professores.
Decorre de políticas educativas
em matérias como currículos, autonomia real, sistema de organização e
funcionamento, recursos humanos docentes, técnicos e funcionários, tipologia e
efectivo de escolas e turmas, etc, só a para citar alguns exemplos
contributivos para o maior ou menor sucesso educativo antes de entrar na sala
de aula.
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