quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

DO DESERTO AO OÁSIS

Sou dos que entendo como necessário um discurso positivo e optimista por parte dos líderes políticos de forma a promover segurança e confiança nos cidadãos. Sei também que num mundo cada vez mais globalizado e interdependente, a resolução ou minimização dos problemas de cada país, designadamente nos de menor dimensão e influência, estão para lá da capacidade de gestão imediata dos respectivos governos. Dito isto, parece-me que o discurso de Natal do Primeiro-ministro foi isso mesmo, um discurso natalício. A quadra manda-nos esquecer problemas, ser generosos, pessoas de boa-vontade, apoiar criancinhas e sem-abrigo, velhinhos e outros excluídos. É certo senhor Primeiro-ministro que tudo o que de positivo se tem conseguido deve ser afirmado, mas o fosso que se tem acentuado entre mais “favorecidos” e menos “favorecidos”, o desemprego, os baixos níveis de confiança, os fenómenos de exclusão, a quantidade de famílias a (sobre)viver no limiar de pobreza, o mal-estar ético dos níveis de corrupção, etc. não autorizam o seu discurso que nos coloca, outra vez, à beira do oásis. Mesmo que seja Natal, sobretudo por ser Natal. Não é justo para todos, e são muitos, os que não sentem os efeitos de tanta obra.
PS – Uma boa notícia do DN refere-se ao notável aumento da taxa de mulheres licenciadas, 9.3%, um dos valores mais altos da UE. Em alguns casos a tradição começa a não ser o que era. Felizmente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu gosto muito da minuta dos discursos dos Primeiro-ministros de Portugal. Incutem-me, entre outras coisas, tudo o que o meu amigo salienta: segurança e confiança.
É um verdadeiro presente de natal!!! Embrulho bonito e de papel fino com laçarote á volta...mas o conteúde é todos os anos o mesmo:
O GOVERNO DO POVO PELO MERCADO E PARA O MERCADO!
Um abraço.