A propósito do trabalho do
Público sobre o designado “slow movement” no qual vale a pena reflectir, deixo
mais um diálogo improvável.
Bom dia, venho apresentar uma queixa.
Com certeza, contra quem?
Contra muita gente.
Será, portanto, contra incertos. E apresenta queixa porquê?
Por roubo, roubaram-me tempo.
Muito bem, então roubaram-lhe tempo. Por favor, pode explicar um pouco
melhor para eu poder registar a situação.
Eu já não tinha muito tempo porque nunca fui uma pessoa muito rica de
tempo, mas o pouco que tinha roubaram-me. Fiquei sem tempo para estar com os
meus filhos e brincar com eles. Este tempo faz-me muita falta, os miúdos andam
tristes porque desde que me roubaram o tempo não consigo mesmo. Já não tenho
tempo para descansar ou ler qualquer coisa como gostava de fazer. Não tenho
tempo descansado para a minha mulher que também precisava do tempo que eu tinha
e que partilhava com ela. No meu trabalho não tenho tempo para parar um minuto
sem que alguém venha logo chamar a atenção. Fiquei sem o tempo que tinha para
beber um copo com os meus amigos e trocar umas lérias que serviam para aliviar
das coisas da vida.
Eu percebo o seu problema, mas como deve calcular não tenho tempo para
queixas como as que apresenta.
Não tem tempo? Não me diga que também lhe roubaram o tempo. Até às
autoridades, é demais.
2 comentários:
Eu tive que organizar a minha vida, para eu ter este tempo para mim.Trabalhava três turnos e, optei em trabalhar em dois e organizar as minhas finanças.Quanto mais ganha dinheiro, mas você gasta ele.A parte da manhã eu preferi ficar em casa e, mesmo fazendo os afazeres domésticos, ainda sobra um tempo para mim.A vida voa e,dinheiro não é tudo.
Sendo certo que as dificuldades são imensas, as motivações e opções individuais também pesam.
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