terça-feira, 25 de agosto de 2015

PELA EDUCAÇÃO É QUE VAMOS

Nesta altura do ano é recorrente emergir a discussão em torno das touradas. Desta vez até envolveu a tentativa de realização de um obsceno e indefensável evento taurino com anões, isso mesmo, uma tourada com anões. Houve o bom senso de não autorizar.
Está, pois, reaberta a época da "morte ao touro" e, consequentemente, está reaberto o debate sobre a realização das touradas, quer envolvam as excepções com a morte do touro, como o caso de Barrancos, quer na versão mais “leve” em que o touro não é morto, (na praça), apenas condenado a levar com uns ferros espetados.
Poder-se-á, o que não é raro, dizer que existem assuntos mais importantes a merecer discussão mas, do meu ponto de vista, vale a pena insistir, sobretudo quando as matérias estão com tempo de antena e, portanto, susceptíveis de envolver mais gente.
Como já tenho afirmado, lamento mas nem sequer me parece discutível a existência das touradas, com ou sem morte dos touros na arena.
Esta discussão é insustentável num plano racional, o touro é objecto de um tratamento que causa mal-estar e sofrimento e entender esta situação como um espectáculo cultural é algo que me escapa. Por outro lado, o argumento habitual de natureza económica e de preservação da espécie é, do meu ponto de vista, curto, estas questões poderiam ser acauteladas sem a realização de touradas como também já tem sido referido.
Na verdade, a defesa da tourada radica em questões de natureza emocional, cultural, psicológica ou sociológica que entendo mas que não tenho que subscrever, o que torna particularmente difícil uma discussão racional e conclusiva.
No entanto, parece-me que a argumentação mais frequente, a tradição e a cultura que este "espectáculo", a "festa brava" alimenta não colhe só por si. Como é óbvio, nada se deve manter só porque é tradicional ou integrado na cultura, se tal representar um atentado a direitos básicos. Posso, com uma ponta de demagogia evidentemente, evocar a "tradição" e "cultura" que alimentaram os combates de gladiadores, escravatura, a pena de morte, ou mesmo a violência doméstica e a exploração infantil, que de tradição e cultura passaram a procedimentos inaceitáveis e mesmo criminalizados.
Sabemos que as mudanças em matéria de "cultura" e "tradição" são difíceis, são lentas, mas ... "e pur si muove". Também me parece que a mudança será mais fácil com a emergência de gerações mais novas que crescem sem o peso da "tradição" e da "cultura" que nós mais velhos carregamos e que mais dificilmente alteramos.
Como em tudo, pela educação é que vamos, numa variante à fórmula de Sebastião da Gama.

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