terça-feira, 18 de agosto de 2015

O RECADO

Há umas semanas, ainda antes das férias, numa animada conversa com gente que procura que os seus filhos cresçam de bem consigo e com o mundo, uma das mães presentes contou uma história pessoal curiosa. Por isso, aqui fica neste tempo quente antes do regresso à lida.
Um dia, durante a adolescência, quando a família se juntou para jantar, o pai disse para a mãe, “Se eu tivesse a certeza do que vi, a tua filha levava uma tareia” e mais não disse. A mãe não entendeu, mas a moça sabia que à tarde estava num café perto da escola com um daqueles cigarros, os primeiros, pelos quais a maioria de nós passámos, e muitos continuámos. Sabia também que, apesar de todas as improbabilidades, o pai entrou naquele café, tinha que ser naquele café, e viu-a a fumar e sem tempo para as habilidades de que todos nos socorremos em tais circunstâncias. Olhou, olhou, para que se percebesse bem que tinha visto e sem uma palavra saiu depois de uma bica e de deixar pago o lanche do grupo da filha.
Numa época em que tanto se fala de recados, parece que se substituiu o diálogo pelo recado, este é um exemplo notável de um recado.
Toda a gente que estava no grupo entendeu por bem não perguntar se resultou. A história fica mais engraçada assim.

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