terça-feira, 25 de agosto de 2015

DEBATER OS DEBATES

A realidade tem o infinito condão de nos surpreender mesmo quando pensamos que tal não é possível.
O Portugal dos Pequeninos e sua pequenina política têm andado centrados nas grandes questões que afectam os portugueses, os cartazes de pré-campanha e os debates entre líderes partidários.
No que respeita aos debates importa começar por dizer que depois de ter sido retirada uma despudorada proposta legislativa inicial da maioria PSD/CDS-PP de controlar a comunicação social, foi aprovada também pela maioria uma lei que determina o que agora os mesmos partidos não querem que aconteça.
Os outros partidos entendem que não pode ser e a grande discussão é “quem vai ao debate com quem” e se “haverá debate”.
Como é evidente a questão dos debates deveria ser da exclusiva responsabilidade dos órgãos de comunicação social que já estão constitucionalmente obrigados a assegurar a pluralidade.
Aliás, essa pluralidade não acontece, basta olhar para o leque de “opinadores”, “politólogos”, “comentadores”, etc. e perceber a promiscuidade entre partidos e “fazedores de opinião” com o controlo quase total por parte da partidocracia dos espaços de opinião da comunicação social.
Atente-se, por exemplo, o espaço atribuído a outros partidos ou movimentos fora do espectro da “alternância” do costume.
Neste contexto, do meu ponto de vista e subscrevendo a opinião de Joaquim Vieira, presidente do Observatório da Imprensa, os órgãos de comunicação social, no uso pleno da sua liberdade editorial deveriam, pura e simplesmente, boicotar a lei e decidir com proceder à cobertura das campanhas eleitorais e submeter-se eles próprios ao juízo dos leitores, ouvintes ou telespectadores. Como dizia Joaquim Vieira seria curioso saber qual seriam as consequências de tal posição.
No entanto, para isto também precisaríamos de uma comunicação social que mais liberta e resiliente à pressão da partidocracia. É verdade que existem algumas excepções que se saúdam, mas é penoso assistir a declarações de responsáveis políticos sem que os jornalistas coloquem as questões certas e exijam respostas sobre o que verdadeiramente interessa aos portugueses e não aceitem sem um sobressalto as “não respostas” que tantas vezes recebem.
Neste contexto, repare-se no título dado pelo Público a uma notícia relativa a esta matéria, “CDU atira Heloísa Apolónia para debate comPaulo Portas”. O enunciado é de uma elegância e qualidade no estilo que são impressionantes.
Do meu ponto de vista e já que se trata de debates talvez fosse interessante debater a quem e porquê interessa este “debate” sobre os “debates”.
Como diria, o meu amigo Cajó, “cá p’ra mim” serve a todos os envolvidos, a uns por umas razões, a outros por outras razões.
A nós não serve certamente mas a indiferença e a distância que boa parte dos portugueses sente ou está da política pequenina do Portugal dos Pequeninos leva a que também não estejamos particularmente inquietos, são coisas “lá dos gajos”, “é sempre o mesmo com os mesmos”.
Até quando?

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