No Público divulga-se a
iniciativa de um grupo de pessoas já passaram pela experiência de viver na rua
que pretende organizar uma manifestação “contra a invisibilidade” de quem está
sem abrigo.
Os promotores pretendem realizar
a manifestação no dia de arranque da campanha eleitoral, 19 de Setembro, e
contar com a participação de gente da música que amplifique a atenção ao
evento.
Esta gente que caiu e vai caindo na
rua e ainda não teve tempo de se entusiasmar com a viragem e o fim da crise mostra
de forma muito evidente as suas características de resistência e os limites, o
melhor povo do mundo é assim, dando suporte ao modelo de Fernando Ulrich e
tornando-se alguns dos mais bem preparados cidadãos para os tempos que
atravessamos, vivem do nada.
Na verdade têm nada,
aguentam tudo e só são notícia quando chegam as vagas de frio ou quando
aparecem gratos e contentes naqueles jantares oferecidos no Natal que quase
sempre compõem indecorosos espectáculos mediáticos.
Continuam os tempos de chumbo, os
tempos da indignidade.
Também me parece que muitos de
nós, assumo a minha parte, não temos consciência das dificuldades e os estilos
de vida de parte significativa da nossa população. São aqueles a que costumo
chamar os transparentes. Não os vemos, mesmo quando nos cruzamos com eles o nosso
olhar passa através das pessoas, sem se deter e perceber quem habita naquele
corpo e como vive.
Assim é melhor, dormimos mais
tranquilos.
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