Em entrevista à Visão e
relativamente à candidatura de Sampaio da Nóvoa, António Costa parece deixar
claro a sua abertura ao apoio do PS.
Entre outras afirmações pode
ler-se, “nesta altura já há um candidato
assumido e próximo da família socialista”
Como já tenho referido, é
justamente do “espaço da cidadania” que emerge a candidatura de Sampaio da
Nóvoa e é também “o espaço da cidadania” o seu maior valor.
É ainda “o espaço da cidadania”
que lhe dá um sentido de urgência e oportunidade. Precisamos imprescindivelmente
de uma visão e de um sentido de missão informados por valores que estejam
libertos dos limites da partidocracia.
Sublinho que sendo os partidos
peças centrais das sociedades democráticas não podem, não devem, ter o
monopólio da actividade cívica e política sob o risco de se virarem para
dentro, se encapsularem e de se transformarem em espaços fechados dominados por
interesses de conjuntura e luta pelo poder, organizados em aparelhos cujo controlo
permite o domínio do partido e o acesso ao poder.
Neste contexto, a emergência de
movimentos ou iniciativas com protagonistas como Sampaio da Nóvoa no exercício
desse inalienável “espaço de cidadania” podem ser também um contributo para a
renovação da “praxis” política que conduziu à partidocracia e se traduz no
afastamento dos cidadãos como os níveis assustadores e crescentes da abstenção bem
demonstram.
Assim sendo, continuo a assistir
com alguma expectativa à tensão que existe de forma evidente dentro do PS entre
uma “corrente”, onde se poderá incluir António Costa, Jorge Sampaio ou Mário
Soares, entre muitas outras figuras de relevo no PS, que pode acolher uma
candidatura que surge fora das “paredes” do partido e uma outra corrente de
gente do “aparelho” que parece sentir-se desafiada e ameaçada por algo como
liberdade e independência de pensamento.
Atentando nas reacções destas figuras
e a ausência de substância nas críticas que produzem às posições e discursos de
Sampaio da Nóvoa fica claro que a sua posição radica numa coisa simples, “não é
um dos nossos”, da “nossa tribo”, o que traduz, justamente, o que numa
sociedade aberta, moderna e democrática não devem ser as estruturas
partidárias.
Aguardo, como disse, com alguma
expectativa o desenvolvimento desta tensão dentro do PS e creio que se o “aparelho”
sair vencedor poderemos perder uma oportunidade única de introduzir uma mudança
imprescindível e urgente na política em Portugal, a Presidência da República
com uma visão política e ética assente nas pessoas e no seu bem-estar.
Não é fácil mas pode ser
possível.
Deixem lá ver, como diz o Velho Zé
Marrafa lá no Alentejo.
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