Nesta altura do ano lectivo
dificilmente me cruzo com professores, alunos ou pais que não refiram a sua
preocupação com os exames e de como todo o trabalho que está a ser feito se
organiza em função dos exames, da avaliação externa, como lhes chamam.
Parece-me, aliás, que, sobretudo
nos anos finais de ciclo, esta azáfama e inquietação não acontecem apenas no
terceiro período, é vivida durante todo o ano lectivo e ocupa também os
períodos de férias escolares levando, sobretudo na Páscoa, a que os centros de
explicações estejam lotados.
A avaliação das aprendizagens é
uma ferramenta imprescindível na regulação da qualidade e sucesso do trabalho
de alunos e professores mas a febre da medida que está a criar um ensino
examocrático que não pode ser o tudo da educação no contexto escolar, o tudo dos processos de ensino e aprendizagem.
Aliás, os resultados dos alunos
nos exames nacionais de 4º e 6º ano em que já se pode realizar comparações não
sugerem que os exames só por existirem promovam qualidade. A existência de 150
000 alunos retidos anualmente é uma realidade pouco compatível com qualidade,
sucesso e não modificável só com a existência de exames.
Não caminhando no sentido certo,
apoios suficientes, preparados e oportunos, mobilizados às primeiras
dificuldades e ao longo do trajecto escolar ou a promoção de mudanças, na
organização e conteúdos curriculares, por exemplo, resta definir alternativas
para os excluídos pela selecção ou gerir politicamente as dificuldades dos
exames de modo a tornar as estatísticas mais simpáticas ,justificando, assim, a
bondade, de tudo medir e só medir, até na educação pré-escolar onde já se sente
a febre da medida mas ainda, por enquanto, sem exames.
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