Estou de saída para a Covilhã
para participar num encontro com pediatras. O tema da sessão em que participo é
o sucesso educativo.
Partindo do entendimento de que
as dificuldades emergentes nos processos educativos e que, frequentemente,
conduzem a insucesso e dificuldades, devem ser entendidas na interacção entre
capacidades, competências e experiências dos alunos e o que família e escola
lhe oferecem ou solicitam, centrarei a minha intervenção nesta segunda parte do
enunciado, a relação da família e da escola com o sucesso educativo e escolar
de crianças e adolescentes.
Não esqueço o papel fundamental
das variáveis de natureza individual mas vou direccionar a minha reflexão para
as variáveis exteriores aos alunos. Parto do princípio de que 150 000 "chumbos
anuais", múltiplos problemas de comportamento, dentro e fora da escola, só
como exemplo, não podem explicar-se apenas recorrendo às dificuldades
específicas dos alunos. Neste sentido também tentarei sublinhar os riscos do "sobrediagnóstico",
isto é, em qualquer situação de dificuldade a criança ou adolescente devem ter
qualquer "problema" ou "quadro clínico" que importa
diagnosticar. Destas práticas resultam casos de medicação desnecessária e com
riscos ou a prescrição de "apoios especializados" que nem sempre são coisa
alguma, apenas um preenchimento de tempo com actividades que podendo não fazer
mal também se revelam de grande utilidade.
Dito isto, reconheço situações,
por vezes sérias, de problemas nas crianças e adolescentes mas só avaliações
competentes os identificam e permitem intervenções adequadas se para tanto
existirem os recursos, evidentemente.
No tempo disponível, procurarei,
portanto, reflectir sobre algumas variáveis que do meu ponto de vista e partindo
da família e da escola devem merecer alguma atenção no sentido de minimizar os
riscos de insucesso.
No que respeita à família
abordarei questões como os estilos de vida, os modelos parentais e as
expectativas e o impacto da forma como as famílias se organizam nestas
dimensões pode associar-se ao desempenho educativo e escolar de crianças e
adolescentes. Como exemplos, cito aspectos como hábitos de sono e rotinas,
comunicação, regras e limites ou pressão para rendimento.
Relativamente à escola vou
referir pontos como modelos e valores da educação, o que é educar hoje, que
escola temos, os efeitos das políticas educativas, as expectativas da escola e
o seu impacto nos alunos e a capacidade e recursos que a escola possui ou deverá possuir para acomodar as diferenças entre os alunos, ou seja, promover alguma forma de
diferenciação, considerando a sala de aula, a escola ou os percursos dos alunos,
só para ilustrar alguns áreas.
Bom, este conjunto de reflexões
é, evidentemente, generalista mas considerando a proximidade entre pediatras,
crianças e adolescentes e famílias e menor proximidade com a escola parece-me
importante partilhar esta reflexão sobre variáveis exteriores ao indivíduo mas
essenciais na construção do seu desejado sucesso educativo e escolar.
Vamos ver como corre.
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