terça-feira, 19 de maio de 2015

DA VIOLÊNCIA E DAS SEMENTES DE MAL-ESTAR

Os últimos tempos têm sido férteis em episódios de violência particularmente graves envolvendo, adolescentes e jovens, adultos, famílias ou mesmo as forças policiais.
Sem querer desculpar ou branquear comportamentos creio que o nosso quotidiano vive inquinado com sementes de mal-estar que, por um qualquer gatilho ou circunstância, por vezes irrelevantes, se transformam em violência dirigida a quem quer que seja.
Vai sendo tempo de nos interrogarmos sobre os tempos que vivemos, os valores que os informam, os modelos de discursos e comportamentos que evidenciamos, dos anónimos às elites e desde logo com as crianças, os atropelos à dignidade e direitos, a ausência de projectos de futuro que nos permitam a esperança e substituam o vazio em que muita gente, mais velha ou mais nova, vive. É neste caldo de cultura que nascem e se desenvolvem as sementes de mal-estar.
É urgente esse questionamento, em nome dos nossos filhos  e dos filhos dos nossos filhos.
Recordo Brecht, "Do rio que tudo arrasta diz-se que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem".

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