A narrativa que se vai
construindo a propósito dos exames de 4º e 6º anos do Básico mostra, mais uma
vez o absurdo entendimento de "normalidade" da equipa da 5 de Outubro
que, do meu ponto de vista, remete mais para a absurdidade.
Deslocalizam-se os miúdos para
que não realizem os exames na sua escola, estabelecem-se regras rigorosas para
enfrentar os potenciais delinquentes que se apresentam a exame, desconfia-se
dos professores impedindo-os de acompanhar os seus alunos, no passado foi
assim, os exames não podiam ser vigiados por professores das disciplinas em
exame.
Claro que boa parte destas regras
não se aplicam aos estabelecimentos de ensino privado pois estes são frequentados
por pessoas de bem, entidades proprietárias, directores, professores, pais e
alunos
Realizam-se a meio do período
torpedeando completamente o trabalho de aprendizagem pois o período é muito
curto e todo o trabalho é centrado nos exames, sendo que os que alunos que
tenham insucesso terão aulas de compensação e uma "Nova Oportunidade"
cuja eficácia está, evidentemente, por provar.
Fecham-se as escolas aos alunos
dos outros anos de escolaridade, obrigando os pais a aceitarem a
excepcionalidade da situação sob pena de ficarem responsáveis por perturbar o
que já nasceu perturbado.
Determina-se que os professores
que avaliam os exames sejam dispensados das aulas mas que os seus alunos
deverão tê-las, não sabendo boa parte das escolas como providenciar aulas sem
professores disponíveis. A situação implica também que muitos alunos com
necessidades educativas especiais fiquem estes dias sem os apoios habituais
porque os seus professores são deslocados para o serviço de exames.
O Conselho de Escolas
afirma que o MEC, negligenciando a realidade das escolas, decide de forma a
lançar a perturbação nas escolas.
No entanto, como sempre, o Ministro
da Educação virá dizer que tudo decorreu com a maior normalidade e que no
quadro de autonomia(?) das escolas todas as situações estão e foram devidamente
acauteladas.
Na verdade tem razão, já nos
habituámos a esta normalidade, uma espécie de absurdidade.
2 comentários:
... ou "quando o absurdo se transforma em normalidade" ...
P.S. - E se todos os pais dos filhos que não têm aulas por causa dos exames fossem apresentar reclamação no "Livro Amarelo"? ...
Já nem reclamamos Margarida. Não por falta de matéria.
Enviar um comentário