quarta-feira, 13 de maio de 2015

VIOLÊNCIA ENTRE JOVENS, NOVO EPISÓDIO

A comunidade está em sobressalto com o vídeo chocante da agressão de um adolescente por um grupo também de adolescentes que ocorreu na Figueira da Foz, ao que parece, há mais de um ano mas só agora conhecido por ter “caído” nas redes sociais.
Como é habitual as autoridades, a escola de pertença do agredido, a Comissão de Protecção já estão a acompanhar o caso. Algumas notas.
Os comportamentos agressivos e abusos entre jovens em contexto escolar, bullying por exemplo, ou fora deles são de sempre ainda que os estudos destes fenómenos sejam mais recentes. O volume e a gravidade de alguns episódios e, sobretudo, a sua mediatização através das redes sociais dão também uma maior visibilidade ao fenómeno.
Na verdade e com alguma preocupação, em vários estudos muito recentes constata-se que os adolescentes tendem a encarar a violência entre si e de uma forma geral, como normal o que não surpreenderá os mais atentos. A sociedade da informação e os sistemas de valores actuais banalizaram a violência, não são os adolescentes que a banalizaram.
Por outro lado, a escola e o meio circundante, por serem os espaços onde os adolescentes e jovens passam a maior parte do seu tempo são, naturalmente, os espaços onde emergem e se tornam visíveis os problemas e inquietações que os alunos carregam. No entanto, não é possível considerar-se que a escola é mágica e omnipotente pelo que tudo resolverá. Tudo pode envolver a escola, mas nem tudo é da exclusiva responsabilidade da escola, família e outros actores da comunidade dm assumir responsabilidades.
No entanto, sem desresponsabilizar as famílias importa não esquecer que alguns pais se sentem tão perdidos quanto os filhos, têm elas próprias dificuldades e disfuncionalidades que são parte do problema e não da solução pelo que também elas precisam de apoio, só responsabilizá-las não chega.
No que respeita à violência entre jovens, um fenómeno complexo, existem ainda duas questões que me parecem essenciais e contributivas para lidar com a situação. Em primeiro lugar é importante criar nos alunos, ou adultos, vitimizados a convicção de que se podem queixar e denunciar as situações e encontrar dispositivos de apoio que garantam a protecção da vítima pois o medo de represálias é o principal motivo da não apresentação da queixa, sobretudo entre os mais novos. É importante também que os actores da escola e da comunidade saibam detectar nos alunos sinais que indiciem vitimização.
Em segundo lugar, é preciso contrariar no limite do possível a ideia de impunidade, de que não acontece nada ao agressor. As escolas, tal como a comunidade em geral podem e devem assumir atitudes, discursos e montar dispositivos que, visivelmente, mostrem um sinal de que não existe tolerância para determinados comportamentos.
É também importante que famílias e escolas estejam atentas e que estas possam ser dotadas de meios e recursos que permitam o desenvolvimento de iniciativas no plano da formação e apoio aos adolescentes e jovens, integrados ou não nos conteúdos curriculares que, tanto quanto possível, minimizem o risco de incidentes como o que agora conhecemos.
Os discursos demagógicos e populistas, ainda que bem-intencionados, não são um bom serviço à minimização destes incidentes que minam a qualidade cívica da nossa vida.

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