Numa síntese telegráfica, no Ensino Secundário as
médias nos exames às disciplinas com mais alunos foram as mais baixas desde
2009. O GAVE fala de uma "estabilidade relativa". Certo.
No 3º ciclo as médias em Português e Matemática
foram mais baixas que em 2012, de 54% para 48% em Português e de 54% para 44%
em Matemática.
O GAVE não vê “nenhuma regressão na qualidade da
aprendizagem dos alunos” e considera "normal" o resultado de
Português. Certo.
Quanto ao exame de Matemática o Gave entende
necessário melhor análise dada a variação de circunstâncias e provas. Certo.
No 4º ano, verificou-se que a taxa de retenção
baixou para os 3%, a mais baixa dos últimos 14 anos. É uma boa notícia. O que é
extraordinário é que o GAVE entende que tal mostra o sucesso da realização de
exames, (a crença mágica do Ministro Crato) e afirma ainda que esta redução se em
grande parte ao “período de acompanhamento extraordinário” estabelecido entre a
1.ª e a 2.ª fases de exames, que curiosamente o MEC admitiu repensar face aos
resultados baixíssimos da 2ª fase, 7% de positivas a Português e 20% a
Matemática. Agora o GAVE atribui-lhe boa parte do sucesso. Extraordinário.
Em conclusão, o GAVE conclui que "o
desempenho médio dos alunos portugueses, em sede da avaliação externa, mostra
sinais de estabilidade" e "se
é verdade que enfrentamos um quadro de estabilidade nos resultados que permite
inferir a ausência de progressos na qualidade da aprendizagem, também é verdade
que estamos muito longe de um cenário de degradação acentuada dessa mesma qualidade".
Felizmente.
A partir desta desta conclusão retomo algumas notas.
Em primeiro lugar sublinho o esforço do GAVE no
tentido de colocar os números a dizerem o que na verdade não dizem e todos
lamentamos que os resultados não sejam melhores.
É por estas razões que, como sempre, me preocupa
o que vamos fazer com estes resultados.
Estes resultados são consequência e não causa o
que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos
processos de ensino e aprendizagem prévios ao momento do exame.
Do meu ponto de vista, recorrentemente o afirmo,
algumas das medidas da PEC –Política Educativa em Curso não me parecem
contributivas para melhorias nos processos de ensino e aprendizagem que
conduziriam a melhores resultados em situação de exame. Alguns exemplos que
julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os
territórios educativos portugueses, dificilmente compreenderá como o aumento do
número de alunos por turma possa contribuir para melhorar resultados. Com a
insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o número máximo foi
facilmente atingido designadamente nas disciplinas mais concorridas, justamente
as que apresentam médias mais baixas. Com a recente decisão sobre a rede escolar
e não autorização de funcionamento de muitas turmas a situação será ainda mais
grave.
Os fortíssimos cortes nos recursos docentes que
já se verificaram e continuam para o próximo ano criarão certamente
constrangimentos ao trabalho de apoio e ensino nas escolas que ajudem a
ultrapassar dificuldades de alunos e professores.
Curiosamente, ou talvez não, o Ministro Nuno
Crato já tinha afirma do que os resultado conhecidos dos exames mostravam a
necessidade de uma "avaliação externa rigorosa", mais uma avaliação.
Na verdade, a questão é de trabalho interno, de condições das escolas e
estabilidade e suficiência nos corpos docentes das escolas e agrupamentos, não
é de avaliação externa que, sendo importante em algumas matérias, não é central
para o efeito de melhorar o trabalho de alunos e professores.
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