Foram conhecidos os resultados da 2ª fase dos exames
nacionais do 12º ano. Em síntese e sem surpresa face aos resultados da 1ª fase,
a percentagem de reprovações continuou a subir, entre 1 e 5 pontos percentuais nas
disciplinas em mais alunos fizeram exame, sendo que as médias totais mantiveram
também o mesmo perfil da 1ª fase.
Algumas notas retomadas de comentários aos resultados da 1ª
fase.
Não me parece particularmente relevante o valor
próprio dos resultados a não ser a indicação geral de que, mesmo quando
positivas, as médias são baixas e, naturalmente, o registo das médias negativas
nas disciplinas com mais alunos. Afirmo esta “menorização” dos resultados
porque de há muito os exames, independentemente dos resultados, melhores ou
piores, funcionam como arma de gestão política do sistema o que, do meu ponto
de vista, relativizam os seus resultados e também desencadeiam a inconclusiva
discussão sobre o seu grau de dificuldade com apreciações de geometria variável
como agora se diz e sem real impacto no que está em verdadeiramente em causa.
O que me parece mais pertinente é a discussão em
torno do que fazemos com os resultados dos exames.
Estes resultados são consequência e não causa o
que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos
processos de ensino e aprendizagem prévios ao momento do exame.
No entanto, do meu ponto de vista, este
entendimento não é tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC
–Política Educativa em Curso que não me parecem contributivas para melhorias
nos processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em
situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os
territórios educativos portugueses, dificilmente compreenderá como o aumento do
número de alunos para 30 por turma possa contribuir para melhorar resultados.
Com a insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o número
máximo foi facilmente atingido designadamente nas disciplinas mais concorridas,
justamente as que apresentam médias mais baixas.
Também me parece difícil entender que na fórmula
de cálculo de crédito de horas das escolas para, por exemplo, actividades de
apoio extra curricular apoio, um dos factores seja justamente as notas dos
respectivos alunos em exames nacionais, ou seja, uma perversa forma de ter mais
apoios para os melhores e menos apoios para os que experimentam dificuldades.
Finalmente, os cortes de recursos docentes que já
se verificaram e continuam criarão certamente constrangimentos ao trabalho de
apoio e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e
professores.
Curiosamente, ou talvez não, o Ministro Nuno
Crato entende que estes resultados mostram a necessidade de uma "avaliação
externa rigorosa", mais uma avaliação. Na verdade, a questão é de trabalho
interno, não é de avaliação externa que, sendo importante em algumas matérias,
não é central para o efeito de melhorar o trabalho de alunos e professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados
continue sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos
mesmos ou no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão e não nos
aspectos fundamentais, como melhorar a qualidade e as condições dos processos
de ensino e aprendizagem que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e
competências traduzidas em exames.
Sem comentários:
Enviar um comentário