A imprensa de hoje divulga mais um dado muito
positivo sobre as universidades portuguesas. Segundo um dos rankings mais
considerados relativos à difusão científica, SCImago, existem sete instituições
portuguesas entre as 700 melhores e todas subiram a sua posição no último ano. Sublinha-se
ainda que na última década e de acordo com o mesmo ranking a produção
científica em Portugal mais do que duplicou.
Esta é apenas mais uma das sucessivas referências
que têm vindo a atestar o esforço e a competência da comunidade científica
portuguesa e o trabalho realizado no âmbito do ensino superior e investigação,
traduzido pelo reconhecimento internacional das nossas instituições. É certo
que muitas vezes passam quase despercebidas no meio da bruma envolvente destes
dias de chumbo e, também nesta matéria, o futuro próximo não parece animador.
Há poucas semanas, o Professor Sobrinho Simões,
reconhecido investigador e director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular
do Porto, uma das mais prestigiadas instituições portuguesas de investigação,
alertava hoje para os efeitos graves dos cortes cegos no financiamento da
investigação. Diz Sobrinho Simões que “a frágil formação superior dos
políticos” e os cortes financeiros impostos pela troika são um “cocktail
perigoso” para o universo da investigação em Portugal.
Relembro ainda que em Outubro de 2012 um grupo
muito significativo de bolseiros de investigação, cerca de 3200, assinou uma
carta aberta dirigida ao Ministro da Educação e da Ciência contestando o novo
Estatuto do Bolseiro que, do seu ponto de vista, alimenta a precariedade e
diminui a qualidade das condições gerais para o seu trabalho de produção
científica, situação que tem sido frequentemente noticiada.
Conheço pessoalmente muitos casos de jovens (e
não só), altamente qualificados, que têm como expectativa de vida lutar pela
sobrevivência saltando de projecto em projecto, gerindo os atrasos e as
alterações, desempenhando muitas vezes tarefas que não deveriam ser suas, ou,
como acontece com muitos, integrarem o contingente dos 100 000 jovens que
anualmente “fogem” do país correndo atrás de um futuro que aqui lhes é negado.
Curiosamente esta posição dos bolseiros e as
recorrentes preocupações com a asfixia do ensino superior também coincidiu uma
tomada de posição de 42 personalidades com Prémios Nobel, alertando as
autoridades da Comissão Europeia para os riscos do desinvestimento na ciência.
Está estudada e reconhecida de há muito a
associação fortíssima entre o investimento em educação e investigação e o desenvolvimento
das comunidades, seja por via directa, qualificação e produção de conhecimento,
seja por via indirecta, condições económicas, qualidade de vida e condições de
saúde, por exemplo.
Como em quase tudo é uma questão de escolhas e
prioridades de quem lidera. O problema como referia o Professor Sobrinho Simões
é que "os nossos políticos têm um problema ... alguns não se apercebem do
valor do ensino superior e da investigação".
Vamos ser optimistas, o trabalho desenvolvido da
comunidade científica merece que assim seja, aos decisores políticos caberá a
responsabilidade de lhe dar o apoio possível e não comprometer o caminho já percorrido.
PS - Uma nota de agora, 15 de Agosto, para acrescentar a entrada da Universidade de Coimbra no Ranking de Xangai das 500 melhores Universidades Mundiais e onde já se integravam as Universidades do Porto e a Clássica e a Técnica de Lisboa, agora Universidade de Lisboa depois da fusão.
PS - Uma nota de agora, 15 de Agosto, para acrescentar a entrada da Universidade de Coimbra no Ranking de Xangai das 500 melhores Universidades Mundiais e onde já se integravam as Universidades do Porto e a Clássica e a Técnica de Lisboa, agora Universidade de Lisboa depois da fusão.
5 comentários:
Fiquei esclarecido com a clareza da escrita. Bem haja.
Aqui vos deixo um link em que, na 1.ª pessoa, se descreve o modus operandi do Doutoramento em Ciências do Desporto da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira.
http://www.oribatejo.pt/esdrm-com-doutoramento-em-ciencias-do-desporto/
Explicado está, na 1.ª pessoa, como quem no ensino público não pode ministrar doutoramentos, passa a poder! Ou dito de outro modo, os vice-versas do ensino superior público em que tudo é permitido.
Nos Ciclos de Estudos Autorizados, constantes do site da DGES, não só não consta o Doutoramento em Ciências do Desporto da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira - anunciado no site desta Escola, em página actualizada em 30.1.2013, http://www.esdrm.pt/Ensino/Doutoramento/CD/Index.html
Como também não consta nenhum outro Doutoramento em parceria com Politécnicos, apenas constando Doutoramentos em parcerias entre Universidades.
Acresce que o próprio Doutoramento em Ciências de Desporto, de Universidade da Madeira, mencionado no n.º 67 dessa listagem da DGES, porque não acreditado devia ter sido descontinuado…
Para avaliarem o entusiasmo, o orgulho e o apoio que a Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, suscita nos sucessivos titulares do Ministério com a Tutela do Ensino Superior, nomeadamente, da Sr.ª Prof.ª Maria da Graça Carvalho, titular da pasta do Ensino Superior no XV e XVI Governos Constitucionais, e do Sr. Prof. Nuno Crato, actual Ministro da Tutela, aqui vos deixo uns links.
http://www.gracacarvalho.eu/xms/files/ACTIVIDADE_EM_PORTUGAL/OUTRAS_ACTIVIDADES/2013/5_24-05-2013_IP_Santarem/Speech_final_site.pdf
http://www.oribatejo.pt/15-anos-depois-a-escola-de-desporto-de-rio-maior-chegou-a-casa-videos/
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=6382e7ef-a6b4-40e8-90fb-2d05e4de0a32
http://www.cm-riomaior.pt/informacoes/noticias/item/803-ministro-nuno-crato-inaugurou-novas-instala%C3%A7%C3%B5es-da-escola-superior-de-desporto
Bem prega Frei Tomás...
http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/A5D453D1-2F67-4980-9ED1-D5505CA3B27E/6873/Esclarecimento2.pdf
Se no motor de busca pesquisarem:
Anexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira
Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, até concluir que, no ensino superior público português, é muito mais fácil ministrar um Doutoramento do que uma Licenciatura.
Não fora este documento ser o princípio do fim deste modelo de ENSINO SUPERIOR PÚBLICO, nomeadamente da Universidade Pública; quantos mais empreendedores, precisamente com os mesmos “vice-versas”, num futuro próximo não seriam tentados com a fazer parcerias idênticas quer para ministrarem Doutoramentos, quer para ministrarem Mestrados.
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