terça-feira, 6 de agosto de 2013

CIÊNCIA EM PORTUGUÊS

A imprensa de hoje divulga mais um dado muito positivo sobre as universidades portuguesas. Segundo um dos rankings mais considerados relativos à difusão científica, SCImago, existem sete instituições portuguesas entre as 700 melhores e todas subiram a sua posição no último ano. Sublinha-se ainda que na última década e de acordo com o mesmo ranking a produção científica em Portugal mais do que duplicou.
Esta é apenas mais uma das sucessivas referências que têm vindo a atestar o esforço e a competência da comunidade científica portuguesa e o trabalho realizado no âmbito do ensino superior e investigação, traduzido pelo reconhecimento internacional das nossas instituições. É certo que muitas vezes passam quase despercebidas no meio da bruma envolvente destes dias de chumbo e, também nesta matéria, o futuro próximo não parece animador.
Há poucas semanas, o Professor Sobrinho Simões, reconhecido investigador e director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular do Porto, uma das mais prestigiadas instituições portuguesas de investigação, alertava hoje para os efeitos graves dos cortes cegos no financiamento da investigação. Diz Sobrinho Simões que “a frágil formação superior dos políticos” e os cortes financeiros impostos pela troika são um “cocktail perigoso” para  o universo da investigação em Portugal.
Relembro ainda que em Outubro de 2012 um grupo muito significativo de bolseiros de investigação, cerca de 3200, assinou uma carta aberta dirigida ao Ministro da Educação e da Ciência contestando o novo Estatuto do Bolseiro que, do seu ponto de vista, alimenta a precariedade e diminui a qualidade das condições gerais para o seu trabalho de produção científica, situação que tem sido frequentemente noticiada.
Conheço pessoalmente muitos casos de jovens (e não só), altamente qualificados, que têm como expectativa de vida lutar pela sobrevivência saltando de projecto em projecto, gerindo os atrasos e as alterações, desempenhando muitas vezes tarefas que não deveriam ser suas, ou, como acontece com muitos, integrarem o contingente dos 100 000 jovens que anualmente “fogem” do país correndo atrás de um futuro que aqui lhes é negado.
Curiosamente esta posição dos bolseiros e as recorrentes preocupações com a asfixia do ensino superior também coincidiu uma tomada de posição de 42 personalidades com Prémios Nobel, alertando as autoridades da Comissão Europeia para os riscos do desinvestimento na ciência.
Está estudada e reconhecida de há muito a associação fortíssima entre o investimento em educação e investigação e o desenvolvimento das comunidades, seja por via directa, qualificação e produção de conhecimento, seja por via indirecta, condições económicas, qualidade de vida e condições de saúde, por exemplo.
Como em quase tudo é uma questão de escolhas e prioridades de quem lidera. O problema como referia o Professor Sobrinho Simões é que "os nossos políticos têm um problema ... alguns não se apercebem do valor do ensino superior e da investigação".
Vamos ser optimistas, o trabalho desenvolvido da comunidade científica merece que assim seja, aos decisores políticos caberá a responsabilidade de lhe dar o apoio possível e não comprometer o caminho já percorrido.

PS - Uma nota de agora, 15 de Agosto, para acrescentar a entrada da Universidade de Coimbra no Ranking de Xangai das 500 melhores Universidades Mundiais e onde já se integravam as Universidades do Porto e a Clássica e a Técnica de Lisboa, agora Universidade de Lisboa depois da fusão.

5 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei esclarecido com a clareza da escrita. Bem haja.

Anónimo disse...

Aqui vos deixo um link em que, na 1.ª pessoa, se descreve o modus operandi do Doutoramento em Ciências do Desporto da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira.
http://www.oribatejo.pt/esdrm-com-doutoramento-em-ciencias-do-desporto/

Explicado está, na 1.ª pessoa, como quem no ensino público não pode ministrar doutoramentos, passa a poder! Ou dito de outro modo, os vice-versas do ensino superior público em que tudo é permitido.

Anónimo disse...

Nos Ciclos de Estudos Autorizados, constantes do site da DGES, não só não consta o Doutoramento em Ciências do Desporto da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira - anunciado no site desta Escola, em página actualizada em 30.1.2013, http://www.esdrm.pt/Ensino/Doutoramento/CD/Index.html
Como também não consta nenhum outro Doutoramento em parceria com Politécnicos, apenas constando Doutoramentos em parcerias entre Universidades.
Acresce que o próprio Doutoramento em Ciências de Desporto, de Universidade da Madeira, mencionado no n.º 67 dessa listagem da DGES, porque não acreditado devia ter sido descontinuado…
Para avaliarem o entusiasmo, o orgulho e o apoio que a Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, suscita nos sucessivos titulares do Ministério com a Tutela do Ensino Superior, nomeadamente, da Sr.ª Prof.ª Maria da Graça Carvalho, titular da pasta do Ensino Superior no XV e XVI Governos Constitucionais, e do Sr. Prof. Nuno Crato, actual Ministro da Tutela, aqui vos deixo uns links.
http://www.gracacarvalho.eu/xms/files/ACTIVIDADE_EM_PORTUGAL/OUTRAS_ACTIVIDADES/2013/5_24-05-2013_IP_Santarem/Speech_final_site.pdf
http://www.oribatejo.pt/15-anos-depois-a-escola-de-desporto-de-rio-maior-chegou-a-casa-videos/
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=6382e7ef-a6b4-40e8-90fb-2d05e4de0a32
http://www.cm-riomaior.pt/informacoes/noticias/item/803-ministro-nuno-crato-inaugurou-novas-instala%C3%A7%C3%B5es-da-escola-superior-de-desporto

Anónimo disse...

Bem prega Frei Tomás...
http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/A5D453D1-2F67-4980-9ED1-D5505CA3B27E/6873/Esclarecimento2.pdf

Anónimo disse...

Se no motor de busca pesquisarem:

Anexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira

Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, até concluir que, no ensino superior público português, é muito mais fácil ministrar um Doutoramento do que uma Licenciatura.

Não fora este documento ser o princípio do fim deste modelo de ENSINO SUPERIOR PÚBLICO, nomeadamente da Universidade Pública; quantos mais empreendedores, precisamente com os mesmos “vice-versas”, num futuro próximo não seriam tentados com a fazer parcerias idênticas quer para ministrarem Doutoramentos, quer para ministrarem Mestrados.