sábado, 31 de agosto de 2013

A PROLETARIZAÇÃO DA ECONOMIA

Apesar da insistência do FMI, que tem vindo a tutelar o nosso salvífico empobrecimento, em  entender que é preciso ir mais longe na “flexibilidade” dos salários, ou seja, baixar o salário mínimo, congelado há mais de dois anos, reduzir o salário mínimo dos trabalhadores mais jovens e eliminar cláusulas de protecção do trabalho aumentando a precariedade, entre outras medidas de “flexibilização, o Ministro Mota Soares afiança que tal não decisão não será necessária, já estamos pobres que chegue.
Recordo que há uns meses o Presidente da República afirmou, “Não pensem que é pelos baixos salários que se garante a competitividade da economia” e pouco depois o falecido António Borges, companheiro de estrada e de filiação partidária de Cavaco Silva veio dizer, na linha, aliás, do que tem afirmado, tal como Passos Coelho, que "o ideal era que os salários descessem".
É difícil de entender, primeiro, estas discrepâncias entre dois génios da economia que até subscrevem um ideário político semelhante e, segundo, a persistência numa estratégia de empobrecimento como salvação para as dificuldades num país em que perto de três milhões de pessoas, quase um terço da população está risco de pobreza.
Parece razoavelmente claro que a proletarização da economia não poderá ser a base para o desenvolvimento económico, mas sim o investimento e a disponibilização de crédito a custos razoáveis, sobretudo para as pequenas e médias empresas que de forma mais ágil criam emprego e emprego qualificado que não pode ter a indignidade dos salários que conhecemos.
De facto, basta atentar na situação de outros países, o nosso desenvolvimento e crescimento não irá nunca assentar no empobrecimento de quem trabalha, pagando menos por mais tempo de trabalho e, muito menos, na tolerância a situações de chantagem em que as pessoas, para manter o emprego e assegurar um mínimo para a sobrevivência, se sentem obrigadas a aceitar situações degradantes e humilhantes que configuram uma nova escravatura. Esta situação afecta tanto a mão-de-obra menos diferenciada, o trabalho em limpeza por exemplo em que se "oferecem" 2 € por hora, como a mão-de-obra mais especializada com a "oferta" do salário mínimo ou nem isso a gente com formação superior como é recorrentemente noticiado.
Eu sei que os tempos vão de maneira a que muitas pessoas preferem umas migalhas, custe o que custar, ao desemprego, mas não podemos aceitar que vale tudo na forma mais selvagem de funcionamento dos mercados. É importante sublinhar que após a intervenção da troika o emprego criado é sobretudo no patamar de rendimentos em torno dos 310 euros, uma enormidade luxuosa.
Apesar da afirmação do Presidente da República, há mesmo quem pense que os baixos salários, que não o seu evidentemente, são algo de positivo e promotor de desenvolvimento. Desde que não seja os seus porque esses são totalmente merecidos e como dizia Eduardo Catroga, correspondem a um valor de mercado. Os outros, a maioria, obviamente, não têm valor de mercado, nem chegam a ser pessoas, são activos descartáveis.

1 comentário:

não sei quem sou... disse...

Os países ricos da UE necessitam urgentemente no seu seio de nichos de pobreza para mais facílmente subjugar e explorar mão de obra barata e assim combater o low cost Asiático. Os países com escassez de recursos, de intelegência e de espinha dorsal dos seus dirigentes para superar tal escassez são vítimas preferênciais.

O senhor Presidente da República diz o contrário do que pensa, talvez preconceito meu, apenas me baseio no provérbio muito português " DIZ-ME COM QUEM ANDAS, EU TE DIREI QUEM ÉS"

A política está inundada de hipocrísia. O povo é que tem que encontrar formas de se defender.


VIVA!