Com excessiva frequência vão acontecendo
tragédias como a que vitimou agora a menina britânica, Hannah, de 14 anos que
se suicidou após algum tempo a sofrer de cyberbullying através das redes
sociais.
Umas notas sobre este universo, o bullying nas
suas diversas formas, incluindo o emergente cyberbullying, fenómeno que assume
na generalidade dos países taxas de ocorrência muito significativas e
preocupantes.
São frequentes os relatos na imprensa sobre
situações de bullying nas nossas escolas, por vezes com situações de sofrimento
particularmente graves levando, no limite, a tragédias como a de Hannah deu fim
à sua narrativa após algum tempo de tormento.
Felizmente que os casos de bullying nas suas
diversas formas não terminam todos nesta tragédia, mas são sempre um drama com enorme potencial de risco.
Assim sendo e dada a frequência com que ocorrem estes
episódios é imprescindível que lhes dediquemos atenção ajustada, nem sobrevalorizando o
que promove insegurança e ansiedade, nem desvalorizando negligenciando riscos e
sofrimento.
Neste universo importa considerar dois eixos
fundamentais de intervenção por demais conhecidos, a prevenção e a intervenção
depois dos problemas ocorrerem. Esta intervenção pode, por sua vez e de forma
simplista, assumir uma componente mais de apoio e correcção ou repressão e
punição, sendo que podem coexistir.
Com alguma demagogia e ligeireza a propósito do
bullying, as vozes a clamar por castigo têm do meu ponto de vista falado mais
alto que as vozes que reclamam por dispositivos de prevenção, intervenção e
apoio para além da óbvia punição, quando for caso disso.
Relembro que o Portal sobre o bullying teve
durante o seu primeiro ano de funcionamento cerca de 650 000 visitas e
respondeu a 700 solicitações.
Esta utilização mostra a necessidade de
dispositivos de apoio e orientação absolutamente fundamentais para que pais,
professores e alunos possam obter informação e apoio. Lamentavelmente, este
serviço é exterior às escolas e ilustra a falta de resposta estruturada e global
do sistema educativo, para além das insuficiências na formação de técnicos e de
professores sobre esta complexa questão, desde logo para o seu reconhecimento.
A definição de dispositivos de apoio sediados nas escolas, com recursos
qualificados e suficientes é, a par de ajustamentos nos modelos de organização
e funcionamento das escolas e de uma séria reestruturação curricular, uma
tarefa urgente.
Do meu ponto de vista, o argumento custos não é
aceitável porque as consequências de não mudar são incomparavelmente mais
caras. Depois das ocorrências torna-se sempre mais fácil dizer qualquer coisa
mas é necessário. Muitas crianças e adolescentes evidenciam no seu dia a dia
sinais de mal-estar a que, por vezes, não damos atenção, seja em casa, ou na
escola, espaço onde passam um tempo enorme. Estes sinais não podem, não devem,
ser ignorados ou desvalorizados.
O resultado pode ser trágico. A Hannah, a menina britânica,
tal como muitas outras, descansou da única forma que não podia e não devia.
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