Antes de começar a retórica do ganharam todos, pensem no que se perdeu. Costumo dizer que uma das vantagens da velhice é ter história e ter histórias. Hoje, dia eleições para o Parlamento Europeu, ao andar pela rua sem notar nada que lembrasse o acto eleitoral, lembrei-me das primeiras eleições realizadas em Portugal depois de 1974, livres, como lhes chamámos. Realizaram-se a 25 de Abril de 1975 e tratava-se da eleição para a Assembleia Constituinte. Provavelmente, os mais novos não saberão e alguns dos mais velhos não se lembrarão mas votaram uns esmagadores 91,2% dos cidadãos inscritos. Depois de um período sem eleições livres a mobilização foi espantosa, lembro-me de que se viam autênticas romarias para os locais de voto. Passei cerca de 5 horas numa fila de gente para votar e não se ouvia um protesto, antes pelo contrário, o clima parecia de festa, a festa da cidadania e da democracia.
Hoje, quando forem conhecidos os primeiros resultados virão as lideranças partidárias, todas, reclamar vitória, a curiosidade está apenas nos critérios de justificação porque todos “ganharão”. Em bom rigor, a posição política que mais eleitores terá atraído será justamente a abstenção, não será de espantar um valor superior a 60%. Este é que é o verdadeiro resultado eleitoral a carecer de análise. Que fizemos da nossa mobilização para a participação? Que fizemos da nossa capacidade de acreditar que o voto faz sentido? Porque se instalou esta atitude de descrença e indiferença? Porque estaremos convencidos de que “não adianta” “são todos iguais”?
Estas e outras questões, creio, deveriam ser o mais sério objecto de análise de toda a gente que, daqui a umas horas, encherá os espaços da comunicação social.
Hoje, quando forem conhecidos os primeiros resultados virão as lideranças partidárias, todas, reclamar vitória, a curiosidade está apenas nos critérios de justificação porque todos “ganharão”. Em bom rigor, a posição política que mais eleitores terá atraído será justamente a abstenção, não será de espantar um valor superior a 60%. Este é que é o verdadeiro resultado eleitoral a carecer de análise. Que fizemos da nossa mobilização para a participação? Que fizemos da nossa capacidade de acreditar que o voto faz sentido? Porque se instalou esta atitude de descrença e indiferença? Porque estaremos convencidos de que “não adianta” “são todos iguais”?
Estas e outras questões, creio, deveriam ser o mais sério objecto de análise de toda a gente que, daqui a umas horas, encherá os espaços da comunicação social.
1 comentário:
Concordo plenamente consigo. Eu acho que a classe politica está completamente descredibilizada por várias razões, e que isso leva as pessoas a dizer que não vale a pena ir votar, mas vale! se não acha nenhum partido capaz de merecer o seu voto então vote em branco, MAS VOTE! porque só assim nos podemos queixar, quem não vota depois não poderá queixar-se dos políticos, pois nada fez para demonstrar a sua posição. Esta é a minha humilde opinião de um jovem de 28 anos, farto de ouvir queixas de toda a gente, mas de não ver ninguém a mexer um palha para mudar o que quer que seja.
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