sábado, 6 de junho de 2009

A NOVA PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Ontem não tive oportunidade de colocar umas brevíssimas notas sobre a entrevista de Ana Maria Bettencourt, a nova Presidente do Conselho Nacional de Educação. O CNE é um órgão consultivo do Governo para as políticas educativas. Poderia ter uma função institucional importante dada a sua constituição e competências, se os governos consultassem. O problema é que o actual Governo, na sua arrogante omnisciência e infalibilidade não consulta, ou melhor, consulta apenas quem, antecipadamente, sabe que terá exactamente o mesmo pensamento que o seu. Lembro que o CNE presidido por Júlio Pedrosa divulgou alguns pareceres e produziu iniciativas de excelente mérito mas sem acolhimento na PEC – Política Educativa em Curso.
Quanto a Ana Maria Bettencourt, gostei do sublinhar da importância da qualidade na educação portuguesa, não gostei da cedência ao populismo ao afirmar que alunos e professores precisam de trabalhar mais, os alunos portugueses passam horas excessivas na escola, não precisam de trabalhar mais, precisam de trabalhar melhor. O trabalho diário dos professores pode ser optimizado, claro que pode, mas o problema não é, obviamente, pouco trabalho dos professores, é, outra vez, melhor trabalho, melhores apoios e melhores recursos. Os problemas dos resultados escolares baixos não se resolvem com mais “chumbos”, resolvem-se, insisto, com melhor trabalho e melhores dispositivos de apoio.
Finalmente, não entendo a insistência ao longo da entrevista na citação do sistema finlandês. O PS, origem de Ana Bettencourt, claro, parece ter uma relação fetichista com a Finlândia. Portugal e as suas comunidades escolares têm particularidades e especificidades contextuais que não autorizam comparações, independentemente do que de excelente qualidade se possa fazer nas escolas finlandesas.
Esperemos para ver.

2 comentários:

Maria Ribeiro disse...

Mas eles ainda não perceberam nada do ensino ,em Portugal, ZÉ...E espero bem que já não vão a tempo, para ver se é possível remediar alguns dos desastres que essa trupe toda tem cometido...
Abraço de lusibero

Ana disse...

Esta temática é transversal em todo o ensino. Também na adequação do Bolonha a Portugal, já ouvi alguns professores fazerem comparações com a Alemanha. Esquecem-se que também somos seres culturais e nem sempre podemos importar modelos de uma forma "clean", ou seja, sem pensar nas especificidades de cada sociedade.Penso que podemos conservar as linhas mestras, adequando às necessidades, de forma a optimizar os recursos e a aprendizagem em si.Quantidade NÃO É Qualidade!
Lembra-me aquela "anedota" das escolas alentejanas com sítios próprios para guardar os esquis...
Mas a minha maior estupefacção é em relação à admiração que alguns colocam na cara quando ouvem uma observação como esta que aqui estou a colocar...e refiro-me aos professores do ensino superior!!!Enfim, se calhar são especificidades deles próprios...
Abraço
Ana