segunda-feira, 8 de junho de 2009

DE BAIXA

De acordo com o DN, um estudo recente envolvendo 24 países europeus revelou que Portugal é o segundo país em que os trabalhadores ficam mais tempo sem trabalhar por razões de saúde, 11,9 dias por ano de “baixa”. As maleitas de maior incidência são as afecções músculo-esqueléticas, stress e doenças psíquicas. Para além de um honroso segundo lugar, que mostra como somos capazes de estar tão doentes como os melhores e de, estranhamente, não estar identificada como causa das doenças a célebre biscatite, doença para fazer biscates, os dados não surpreendem.
Basta atentar na relevância das causas de doença. Somos, de facto, um povo muito afectado por problemas de coluna, dobramo-nos de forma excessiva aos tratos que nos dão, e musculares, mexemo-nos pouco, somos mais do género ficar à espera do que o futuro nos traz, pode ser um subsídio ou o euromilhões. Quanto ao stress, basta viver cá para se perceber como é agitada e stressante a nossa vida. Manter o emprego, esticar um orçamento familiar que encolhe num mês que estica, aceder a todos gadgets inúteis que a publicidade e o life style exigem, assistir ao ruído cacofónico e estéril da nossa cena política, não são tarefas que se levem com tranquilidade, para citar Paulo Bento. Finalmente, as doenças psíquicas que nos afligem e impedem de trabalhar. Claro que a degradação ambiental produzida por discursos que por vezes parecem insultar a nossa inteligência, a toxicidade de muitos comportamentos que nos insultam os valores, só pode influenciar a nossa saúde mental induzindo estados depressivos ou a negação da realidade de natureza esquizóide.
Isto não está fácil, ainda meto uma baixa.

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