sexta-feira, 19 de junho de 2009

MÃES PRECOCES

De acordo com um trabalho de hoje do DN, em 2008 verificaram-se 7000 gravidezes entre adolescentes que resultaram em 5800 partos. Embora se registe uma diminuição, Portugal continua a ser um dos países da Europa com mais alta taxa de gravidez na adolescência. Tal facto, evidencia a atenção que esta situação deveria receber. No entanto, ainda há pouco tempo tivemos uma enorme discussão pública sobre a distribuição de preservativos nas escolas e foi possível a perceber a grande disparidade e diferenças de ponto de vista sobre a questão. Embora nestas matérias, como em todas as que dizem respeito à vida das pessoas, se deva considerar o universo de valores em presença, bem diferentes, é fundamental não esquecer as consequências devastadoras e dramáticas que a maternidade adolescente pode implicar, veja-se o caso em “exibição” numa televisão perto de si da mãe Ana Rita de 15 anos em greve de fome pelo direito a ficar com o Martim nascido quando ela tinha 13 e que um tribunal decidiu encaminhar para adopção. Sabemos, a experiência mostra, que uma adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher madura pode ser uma péssima mãe. Não podemos, nem devemos, promover avaliações prévias de competências maternais, a ética e a moral impedi-lo-iam, mas podemos combater discursos hipócritas sobre a educação em matéria de sexualidade e comportamentos de risco. Estes discursos alimentam a manutenção de situações que promovem em adolescentes, muitas vezes sem projecto de vida, um caminho e uma experiência para a qual não estão preparadas nem desejam, e promotora de sofrimento para todas as pessoas envolvidas, a começar, obviamente por uma criança, que sem ser ouvida, entra a sofrer neste mundo.

Sem comentários: