De há uns dias para cá sempre que lia os jornais ou via noticiários televisivos debatia-me com a vaga sensação de que me faltava qualquer coisa, um “je ne sai quoi”, que não entendia. Procurava recuperar as rotinas de preparação, verificava o kit de sobrevivência, um saco de pastilhas para a paciência, o comando à mão, a embalagem de Vomidrine, o dicionário, não vá aparecer alguém a eruditar, dois ou três palavrões prontos a saltar, enfim, o básico, mas nada. Continuava com a mesma sensação de que algo me faltava. Hoje, de repente, ao ouvir o porta-voz do PS sobre a decisão do Presidente sobre a data das eleições, fez-se luz, faltava-me o Canas, sim o Dr. Vitalino Canas. De facto, eu tinha lido há uns dias que o porta-voz do PS passaria a ser João Tiago Silveira, o Dr. Canas terá sido uma das vítimas das europeias, mas passou-me de todo. É verdade, tiraram-me o Canas. Não percebo muito bem porque é que se muda um porta-voz. Trata-se de alguém que porta a voz de outro alguém que não a sua e o Dr. Canas, talvez com a concorrência do Dr. José Lello e do Dr. Santos Silva, era um homem que portava como ninguém his master’s voice, perdão a voz do PS. Não, sem o Dr. Canas nada será como dantes, a lucidez e profundidade dos seus comentários permanecerão insubstituíveis. Difícil tarefa a do Dr. João Tiago Silveira.
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