Foram conhecidos os resultados dos exames nacionais do secundário. Verificaram-se ligeiras descidas ou subidas relativamente
ao ano passado e todas as disciplinas apresentam média a partir dos 9.5. De mais relevo o
caso da Matemática A com uma descida de considerar e cujo exame levantou várias questões por
estarem em avaliação currículos diferentes e pela introdução já depois do exame
de ajustamentos nos critérios de correcção.
Algumas notas breves sobre os
exames em torno de três questões, existência, modelo e função.
Creio que no contexto actual a
existência de exames nacionais no ensino secundário parece-me justificada como
forma de regulação advinda de uma avaliação externa associada à avaliação
interna que como se sabe é contaminada pela reconhecida “simpatia de algumas
escolas, sobretudo privadas.
No que respeita ao seu modelo
creio que seria de reflectir no sentido de caminhar para modelos de exame mais
integrados em matéria curricular e menos centrados em mobilização instrumental
de conhecimentos e mais diversificados nos dispositivos e suportes. Talvez conseguíssemos
minimizar a existência de um ensino fundamentalmente centrado na preparação
para o exame
A terceira questão, a função, parece
também carecer de reflexão e mudança como muitas vezes tenho referido.
Contrariamente ao que se passa em
muitos países, os resultados dos exames têm um peso muito significativo no
acesso ao ensino superior o que contamina e enviesa aquela que me parecer a sua
função central. Os exames nacionais destinam-se, conjugados com a avaliação
realizada nas escolas, a avaliar e certificar o trabalho escolar produzido
pelos alunos do ensino secundário. Não deveria ser mais do que isto.
Como tantas vezes tenho
defendido, o acesso ao ensino superior é uma outra matéria que deveria ser da
responsabilidade do ensino superior e estar sob a sua tutela.
A situação existente, não permite
qualquer intervenção consistente do ensino superior na admissão dos seus
alunos, a não ser a pouco frequente definição de requisitos em alguns cursos, o
que até torna estranha a passividade aparente por parte das universidades e
politécnicos, instituições sempre tão defensoras da sua autonomia. Parece-me
claro que o ensino superior fazendo o discurso da necessidade de intervir na
selecção de quem o frequenta não está interessado na dimensão logística e
processual envolvida.
Os resultados escolares do ensino
secundário deveriam constituir apenas um factor de ponderação a contemplar com
outros critérios nos processos de admissão organizados pelas instituições de
ensino superior como, aliás, acontece em muitos países.
Sediar no ensino superior o
processo de admissão minimizaria muitos dos problemas conhecidos decorrentes do
facto da média de conclusão do ensino secundário ser o único critério utilizado
para ordenar os alunos no acesso e eliminaria o “peso” das notas inflacionadas
em diversas circunstâncias e tantas vezes divulgado. Minimizaria também a forma
como é percebida pelos alunos a importância de todas as disciplinas do
secundário sobrevalorizando, naturalmente, as disciplinas específicas
relativamente ao curso a que pretendem aceder.
Será que se chegará a algum
consenso sobre algumas destas questões sem pressa e devidamente estudadas?
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