sexta-feira, 6 de julho de 2018

PELA EDUCAÇÃO É QUE VAMOS


Sem surpresa o projecto do PAN de proibição das touradas, também conhecidas por “espectáculo taurino”, foi chumbado no Parlamento por deputados do PSD, PS, CDS e PCP sendo de referir alguma saudável divergência nas bancadas socialista, social-democrata e bloquista.
Talvez não seja uma questão muito importante dado o estado do mundo mas a já longa discussão em torno das touradas teve mais um episódio.
A defesa da tourada radica em questões de natureza emocional, cultural, psicológica ou sociológica que entendo mas que não tenho que subscrever, o que torna particularmente difícil uma discussão racional e conclusiva. Dificilmente algum adulto favorável às touradas muda de opinião tal como um opositor dificilmente se converterá à “arte”.
No entanto, parece-me que a argumentação mais frequente assenta na defesa da tradição e da cultura e na preservação da raça do touro bravo.
A tradição e a cultura que este "espectáculo", a "festa brava" alimenta não colhe só por si. Como é óbvio, nada se deve manter só porque é tradicional ou integrado na cultura, se tal representar um atentado a direitos básicos. Posso, com uma ponta de demagogia evidentemente, evocar a "tradição" e "cultura" que alimentaram os combates de gladiadores, escravatura, a pena de morte, ou mesmo a violência doméstica e a exploração infantil, que de tradição e cultura passaram a procedimentos inaceitáveis e mesmo criminalizados.
Sabemos que as mudanças em matéria de "cultura" e "tradição" são difíceis, são lentas, mas ... "e pur si muove". Também me parece que a mudança será mais fácil com a emergência de gerações mais novas que crescem sem o peso da "tradição" e da "cultura" que nós mais velhos carregamos e que mais dificilmente alteramos.
Quanto à questão da preservação da raça também interessante, temos bons exemplos de proteger espécies ameaçadas sem que para isso tenhamos de matar ou ferir indivíduos dessa espécie, os muito bem conseguidos parques que existem em muitos pontos do planeta mostram isso mesmo.
Como em tudo, pela educação é que vamos, numa variante à fórmula de Sebastião da Gama.


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