sexta-feira, 13 de julho de 2018

DO CURRÍCULO E DA INCLUSÃO


Por generoso convite da Pró-inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial que comemorou os 10 anos de existência, participei num evento em que com a companhia da Professora Maria do Céu Roldão reflectimos sobre “Currículo e Inclusão”.
Conversa e debate estimulantes, para além das outra intervenções do Simpósio que também ouvi apesar de, lamentavelmente, não ter assistido a todo o programa.
Notas breves.
O currículo constitui-se como um dos mais importantes eixos estruturantes da promoção de uma educação inclusiva que “mais não é” do que responder de forma positiva à diversidade presente em cada grupo de alunos, qualquer que seja a natureza da diversidade. Aliás, a diversidade é a característica mais evidente de qualquer sala de aula em qualquer escola das sociedades actuais.
O currículo terá necessariamente de corresponder a uma visão do que é educação e, naturalmente, do que é uma educação para todos, que não deixe alunos para trás e também não remeta alunos para fora dos ambientes de aprendizagem que todos frequentam.
Nesse sentido, creio que embora possamos questionar que o modo e tempo utilizados na operacionalização, registo com agrado a definição de um perfil de alunos e o estabelecimento de aprendizagens essenciais num modelo diferente do excesso, da norma e da prescrição presente nas metas curriculares que, do meu pinto de vista, são pouco amigáveis para a diversidade dos alunos.
No entanto, apesar da importância do modelo e conteúdos dos currículos fica sempre a acção do professor.
O seu desempenho na definição de ambientes educativos eficientes para todos os alunos ou, na expressão de Zabalza com quem também nesta semana tive o privilégio de estar, no estabelecimento de “coreografias didácticas” que promovam a participação e aprendizagem de todos os alunos é central.
Neste sentido, a autonomia, a valorização, a formação contínua com um projecto de desenvolvimento e com visão não casuística ou reactiva a “modas” ou pacotes legislativos, a reorganização dos tempos que fomente a colaboração, a existência de dispositivos de apoio competentes e suficientes são, entre outros, alguns dos aspectos críticos do trabalho do docente.
Com estruturante e regulador deste trabalho estará sempre o currículo. Neste sentido é particularmente relevante a forma como será, de facto, operacionalizado o que que está definido em matéria de currículo no Regime Jurídico da educação Inclusiva a vigorar no próximo ano lectivo. Algumas das disposições levanta-me dúvidas e temo que que sem regulação possam dar continuidade de outra forma a situações de guetização através do currículo e ... em nome da inclusão.
A ver vamos, esperando e acreditando que tudo correrá bem. 

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