Um dia destes numa roda de gente
ligada à educação e fugindo ao tema do momento, a contagem do tempo de serviço,
falava-se das turmas com que lidamos e como arrumamos os alunos.
Recordei a minha experiência. Até
praticamente até ao fim do secundário frequentei escolas que tinham como
critério fundamental de organização das turmas o comportamento e o rendimento
escolar dos alunos. Assim, apesar de ir passando de ano, o meu comportamento
era, por assim dizer, quase mau, pelo que sempre fui integrado em turmas de
repetentes e indisciplinados. Devo dizer que eu achava que eram as melhores
turmas da escola embora, vá lá saber-se porquê, os professores não tivessem a
mesma opinião, sobretudo os que com elas tinham que trabalhar, os mais novos e
inexperientes.
Nós, que tínhamos tal privilégio,
ficávamos contentes. Quem é que poderia gostar de estar num grupo de colegas
que passavam o tempo a estudar, a maior parte não sabia dar um pontapé numa
bola, nunca alinhavam em faltas nem em partidas nenhumas? Ninguém. Nas minhas
turmas estava sempre o pessoal mais porreiro, agora diz-se fixe, gostávamos das
mesmas coisas, gozávamos na escola e assim.
Havia um problema com os meus
pais. Como todos os pais, os de ontem e os de hoje, eles também achavam que eu
era bom (quase sempre), o problema era as companhias e por isso queriam que eu
me afastasse dos meus colegas de turma que eram más companhias. Ora isto era
impossível, primeiro porque eu achava que eram boas companhias e, segundo,
porque a escola cumprindo os nossos desejos nos juntava o que nós agradecíamos.
Como dizem os velhos, hoje em dia
já não se fazem turmas como antigamente, as más companhias todas juntas. Tudo
se perde.
Será?
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