sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O POSFÁCIO DE NUNO CRATO

Em entrevista ao DN e ao Público, Nuno Crato realiza uma espécie de posfácio breve relativo à sua passagem pela 5 de Outubro.
Continua fielmente submerso pelo mantra da “exigência” que se traduz em exames e sempre, sempre, contra o que chama de laxismo, uma versão do facilitismo.
Continuo convencido que acreditar que criar exames melhora a qualidade da educação é que me parece uma visão facilitista. No entanto, também é preciso afirmar que apenas acabar com os exames também não resolve nada.
Nuno Crato mostra um dado genericamente positivo, a redução do abandono precoce mas esquece que boa parte desta redução não se traduz em mais sucesso dos alunos. Na verdade, a redução do abandono decorre do alargamento da escolaridade para 12 anos e do empurrar de milhares de alunos para curso vocacionais ou de outra natureza que mascara a estatística do abandono mas não significa sucesso ou qualificação para muitos milhares de jovens empurrados para esta via que a comunidade educativa percebe como sendo de segunda e para quem não tem “jeito”, não gosta ou não “serve” para a escola. As avaliações, as apreciações de directores escolares e a experiência mostram isso mesmo com insuficiência e inadequação da oferta e de recursos das escolas.
Nenhuma palavra, claro, sobre o desinvestimento brutal na escola pública. Um pormenor dentro da política educativa por si assumida. .
Obra de mérito que tal como a de Maria de Lurdes Rodrigues e que justifica a condecoração de ambos com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique hoje atribuída pelo Presidente da República.
Les beaux esprits se rencontrent.

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