O ME terá reconsiderado e não
envia 58 professores para o regime de mobilidade especial assim como manda
regressar às escolas os docentes que estavam integrados numa prateleira
insultuosa chamada “requalificação” que foi entretanto extinta.
Estes professores são os chamados
“zeristas”, têm “horário zero”, uma expressão que desde a primeira vez que a
ouvi me causa sempre algum inquietação.
Estes docentes que integram um grupo que já teve muitas centenas e que entre o desemprego e a repescagem serão agora menos são
profissionais com anos de experiência avaliada e que estão sem alunos.
Conforme já escrevi
frequentemente, entendo que as necessidades de docentes do sistema educativo
constituem uma questão complexa e com múltiplas variáveis que deve ser tratada
de forma séria, competente e serena o que não tem acontecido.
Para além das oscilações da
demografia que são abordadas de forma habilidosa e não justificam a saída de
dezenas de milhares de professores nos últimos anos, entre essas variáveis
destacam-se a criação dos insustentáveis mega-agrupamentos, mudanças
curriculares destinadas a poupar professores e o aumento de alunos por turma
que, não servindo a qualidade da educação, reduziu o número de lugares de
docentes.
Este quadro promoveu,
naturalmente, um problema de absorção de muitos docentes, já no sistema, e que
correm o risco de passar aos chamados “horários zero”, bem como na
estabilização dos que se mantêm contratados durante anos por conta das eternas
necessidades transitórias.
Conhecendo os territórios
educativos do nosso país, sempre defendi fazer sentido que os recursos que já
estão no sistema, pelo menos esses e incluindo os contratados com muitos anos
de experiência, fossem aproveitados, por exemplo, em trabalho de parceria
pedagógica, para possibilitar a existência em escolas mais problemáticas de
menos alunos por turma ou ainda que se utilizassem em dispositivos de apoio a
alunos em dificuldades. Estas medidas no âmbito de uma autonomia real das
escolas seriam possíveis e um contributo importante.
Os estudos e as boas práticas
mostram que a presença de dois professores na sala de aula são um excelente
contributo para o sucesso na aprendizagem e para a minimização de problemas de
comportamento bem como se conhece o efeito do apoio precoce às dificuldades dos
alunos.
Sendo exactamente estes os dois
problemas que afectam os nossos alunos, talvez o investimento resultante da
presença de dois docentes ou de mais apoios aos alunos, compense os custos
posteriores com o insucesso, as medidas remediativas ou, no fim da linha, a
exclusão, com todas as consequências conhecidas.
É só fazer contas. Em educação,
apesar de da necessidade de contenção não existe despesa, existe investimento.
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