sábado, 13 de fevereiro de 2016

O INVERNO

Está mais um dia cabaneiro aqui no Alentejo, chuva ininterrupta, a terra a não receber mais água e muito vento.
Na vila, onde as compras ainda incluem uma conversa com as pessoas das lojas, comentava-se, não podia deixar de ser, a água e a ventaneira. Invariavelmente as pessoas concluíam, que venha, assim vamos tê-la no Verão.
O Mestre Zé Marrafa passou aqui no Monte só para umas lérias que a terra não deixa que se ande de posse dela. As batatas terão que esperar mais uns dias até que a terra possa ser fabricada.
Agora, aqui em frente ao lume leio que se verificam já alguns episódios de cheias em alguns dos nossos rios.
As cheias eram normais, por assim dizer, apesar de grandes prejuízos e de tragédias acontecidas em circunstâncias extremas.
Muitas asneiras feitas por nós acentuaram em muitas zonas os potenciais riscos de chuvas mais fortes.
As pessoas do Ribatejo sabem como as cheias eram importantes para a qualidade dos solos e conviviam naturalmente com a subida do Tejo, a cheia normal, por assim dizer. No fundo, é a mesma naturalidade com que as pessoas da Guarda e de Trás-os-Montes não se queixam do frio e afirmam a sua necessidade nas patéticas reportagens que as televisões fazem logo que a temperatura baixa um pouco mais. Como é evidente, também podem ocorrer episódios mais violentos que trazem prejuízos e danos, às vezes pessoais, o que é naturalmente grave.
Em todo o caso, estamos no Inverno. Será que nos desabituámos de viver um Inverno?

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