Não havia necessidade. O BE
entende por bem acentuar publicamente a aprovação da adopção de crianças por
casais homossexuais com um cartaz que me parece um péssima opção.
Quem acompanha este espaço sabe
que sempre tive uma posição claramente favorável pensando nos interesses de
muitas crianças institucionalizadas e nos direitos das pessoas.
O cartaz envolvendo a figura e a
referência a Jesus Cristo é de facto uma escolha infeliz, para ser simpático. Esta apreciação não
decorre de nenhuma posição “politicamente correcta”, de um discurso do “respeitinho”
e, muito menos, de alguma reserva face à liberdade de expressão.
Trata-se “apenas” de uma abordagem
de natureza mais ética e considerando os objectivos da campanha do BE.
Sabemos todos que na adopção por
homossexuais, o argumentário contra, mais do que em matéria científica que não
o suporta, assenta em matéria de valores. Considerando que a defesa da adopção
também envolve valores, para do suporte científico, entendo que trazer desta
forma os valores para a discussão é um verdadeiro e sério tiro no pé que me
parece de alguma irresponsabilidade e com o efeito contrário ao pretendido.
Uma deputada do BE, Sandra Cunha,
lê-se no Público Sandra Cunha, sabe que “provavelmente” o cartaz vai gerar
polémica, mas considera-a “bem-vinda”, porque “faz com que as pessoas discutam
o tema”.
É um argumente fraquinho e
evidentemente não convincente. Promover a discussão de um qualquer tema através
de uma provocação grosseira ao nível dos valores é a melhor maneira de não ter
discussão, de radicalizar posições e discursos. Esta discussão deve sempre
assentar na defesa do superior interessa da criança, na defesa do cumprimento de
direitos humanos fundamentais.
Este cartaz é um disparate de mau
gosto, provocatório no pior dos sentidos e um mau serviço prestado a esta
causa.
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